Jonir Figueiredo, ícone da arte pantaneira, deixa legado cultural em Mato Grosso do Sul aos 73 anos
Jonir Figueiredo, ícone da arte pantaneira, morre aos 73 anos

O coração do Pantanal parou nesta sexta-feira (26). Jonir Figueiredo, um dos maiores expoentes da arte regional, partiu aos 73 anos — deixando não só telas, mas pedaços da alma do bioma em cada pincelada. Quem conhece seu trabalho sabe: era mais que um artista. Era um contador de histórias em cores.

Nascido em Corumbá, o mestre — como muitos o chamavam — transformou a paisagem pantaneira em linguagem universal. Seus azuis profundos e verdes vibrantes não eram só matizes; eram sentimentos traduzidos em tela. "Ele pintava como quem respira", lembra a galerista Marta Rios, amiga de longa data.

Um legado que vai além das telas

Nos anos 80, quando a arte regional ainda lutava por espaço, Jonir já expunha em São Paulo e até no exterior. Teimoso? Talvez. Visionário? Com certeza. Seus quadros hoje estão em coleções particulares de Oslo a Tóquio — ironicamente, alguns valem mais que pequenas propriedades no MS.

  • Prêmio Jabuti de Artes Visuais (1999)
  • Exposição individual no Museu Nacional (2004)
  • Homenageado no Festival de Inverno de Bonito (2018)

Mas o que realmente marcava era seu jeito despojado. Enquanto outros artistas falavam em "processos criativos", Jonir ria: "Eu só pinto o que vejo — e um pouco do que sonho". Essa simplicidade genial fez escola.

O adeus ao mestre

A causa da morte não foi divulgada — a família pediu privacidade neste momento difícil. O velório acontece no Cemitério São João Batista, em Campo Grande, até as 17h de sábado (27).

O governador Eduardo Riedel já anunciou que o Palácio das Comunicações terá bandeiras a meio-pau neste fim de semana. "Perdemos não um artista, mas um pedaço da nossa identidade", declarou.

Nas redes sociais, a comoção foi imediata. De colecionadores a ex-alunos da oficina que mantinha no Porto Geral, em Corumbá — todos com histórias para contar sobre o homem que transformou o Pantanal em arte.

Jonir deixa esposa, três filhos e uma certeza: seu trabalho continuará a falar por ele. Como disse certa vez em entrevista: "Quadros bons não morrem. Só ficam mais valiosos com o tempo". Profético, como sempre.