
Quem diria que um romance no mundo animal poderia ser tão importante? Kika e Chicão, dois macacos-aranha (Ateles chamek), estão roubando a cena no Zoológico de Brasília. E não é só por serem fofos — esse casal pode ser a chave para salvar uma espécie inteira da beira do abismo.
Parece exagero? Nem um pouco. Esses primatas, conhecidos por seus braços longos e jeito desengonçado, estão na lista vermelha da IUCN. Desmatamento, caça... a lista de ameaças é grande. Mas os tratadores do zoo observaram algo especial: a quimíca entre os dois é tão evidente que até os visitantes começaram a reparar.
Um namoro que pode mudar o jogo
Chicão, o macho de 7 anos, chegou há pouco tempo de um criadouro em Minas. Kika, a fêmea de 5 anos, já era "estrela" local. Quando os apresentaram, parece que o destino pregou uma peça boa:
- Primeiro encontro: ele ofereceu frutas (romântico, não?)
- Ela respondeu fazendo grooming — o equivalente macaco a "pentear seus cabelos"
- Em duas semanas, já compartilhavam o mesmo galho para dormir
"É raro ver compatibilidade tão rápida", confessa o tratador Marcos Antônio, que trabalha há 12 anos com primatas. "Normalmente leva meses. Esses dois? Parece que já se conheciam de outras vidas."
Por que esse casal importa?
Macacos-aranha são como os "engenheiros florestais" da natureza — dispersam sementes a kilômetros. Sem eles, ecossistemas inteiros entram em colapso. O problema? Nas últimas décadas, a população caiu mais de 50%.
O plano do zoo é claro: se o relacionamento "vingar", os filhotes podem:
- Reforçar populações cativas
- Ser reintroduzidos na natureza
- Ajudar estudos genéticos
Mas calma — nada de pressão no casal! "Animais não são máquinas de reproduzir", adverte a bióloga Luana Mello. "O importante é o bem-estar deles. Se tiverem crias, será consequência."
Enquanto isso, os visitantes podem vê-los no recinto dos primatas, às vezes brigando como qualquer casal — sinal de que a relação é autêntica. Quem sabe não estamos testemunhando o começo de uma história que vai muito além do zoo?