Comerciantes em BH denunciam praça tomada por drogas e violência — 'Não aguentamos mais'
Praça em BH vira ponto de tráfico e insegurança

Não é exagero dizer que a Praça Floriano Peixoto, no coração da área hospitalar de Belo Horizonte, virou um retrato vivo do abandono. De dia, até passa despercebida — mas ao entardecer, o cenário muda drasticamente. Comerciantes da região, esses sim, não têm como fingir que não veem.

"É um festival de absurdos que começa ali pelas 16h", conta Marcos, dono de uma lanchonete que prefere não revelar o sobrenome. "Já perdi as contas de quantas vezes precisei chamar a PM porque cliente foi assaltado na porta do meu estabelecimento."

O que dizem as testemunhas

Os relatos se repetem como um disco riscado:

  • Uso aberto de crack e outras drogas nos bancos da praça
  • Tráfico funcionando quase que em esquema de delivery
  • Assaltos recorrentes a pacientes e acompanhantes de hospitais
  • Frequentes brigas entre usuários — algumas terminando em esfaqueamentos

Dona Maria, que tem uma banca de revistas há 22 anos no local, resume: "Antes vinha gente passear com os filhos. Hoje? Só vem quem não tem outro lugar pra ir."

A resposta (ou falta dela) do poder público

Eis que surge a pergunta que não quer calar: cadê a prefeitura nessa história? Oficialmente, a Secretaria Municipal de Segurança alega ter intensificado rondas. Mas os comerciantes garantem — com um sorriso amargo — que só veem viatura quando algo muito grave acontece.

"Tem dias que parece o velho oeste aqui", dispara um farmacêutico que trabalha nas redondezas. "E o pior? Todo mundo sabe quem são os traficantes. Eles nem se escondem mais."

Enquanto isso, pacientes como o aposentado José Alves, 68, que faz quimioterapia no hospital próximo, precisam escolher: ou arriscam passar pela praça ou dão uma volta de 15 minutos a mais. "É uma vergonha", cospe, entre dentes cerrados.

Será que precisa alguém morrer para as autoridades acordarem? Pergunta retórica, claro. Na BH que não dorme, alguns problemas parecem condenados a virar paisagem.