
Não bastasse o calor infernal de julho no Recife, a Zona Norte da cidade enfrenta outro tipo de fogo cruzado — e dessa vez dentro de um lugar que deveria ser sagrado. Na última quinta-feira (17), enquanto conduzia uma missa na Paróquia São José, no tradicional bairro de Casa Amarela, o padre Francisco Almeida teve seu relógio e aliança arrancados por dois homens armados.
"Foi rápido como um raio", descreve a aposentada Maria do Carmo, testemunha do crime. "Um minuto tava todo mundo em paz, no outro esses marginais invadiram o altar como se tivessem sido convidados."
O modus operandi que virou rotina
Os bandidos — um mais alto com tatuagens visíveis no pescoço, outro de estatura média usando boné — agiram com uma frieza que assustou até os policiais que atenderam a ocorrência. Não contentes em levar os pertences do religioso, ainda revistaram três fiéis antes de fugir numa motocicleta sem placa.
Eis o detalhe mais preocupante: esse é o quinto caso similar só neste mês na região. Os alvos?
- Igrejas com pouca vigilância
- Horários de maior movimento
- Vítimas idosas ou distraídas pela fé
O delegado responsável pelo caso, que preferiu não se identificar, foi categórico: "Isso aqui tá virando terra sem lei. Os caras tão se achando os reis do pedaço."
Reação da comunidade
Na manhã seguinte, um grupo de moradores organizou um protesto em frente à delegacia mais próxima. Cartazes com frases como "Até quando?" e "Quem protege os que rezam?" mostravam a indignação popular.
Dona Severina, 72 anos, não perdeu a ironia: "Antes a gente só se preocupava com assalto no ônibus. Agora nem na casa de Deus a gente tá seguro. Cadê aquela história de 'não temais'?"
Enquanto isso, a Arquidiocese do Recife emitiu nota recomendando que paróquias reforcem a segurança — algumas já estudam contratar vigilantes particulares. Uma triste realidade para quem só quer rezar em paz.