
Imagine caminhar tranquilamente pela rua quando, de repente, você se vê cercado por uma matilha de dez cães furiosos. Foi exatamente isso que aconteceu com a médica Ana Lúcia (nome fictício para preservar a identidade), que ainda treme ao lembrar daquele dia.
— Foi como estar dentro de um filme de terror, sabe? — desabafa ela, com a voz ainda embargada. — Eles vinham de todos os lados, latindo, rosnando... Meu corpo inteiro congelou.
O pesadelo que virou realidade
Era uma terça-feira comum, por volta das 19h, quando Ana saía do trabalho no Plano Piloto. O que deveria ser um trajeto de 10 minutos até o ponto de ônibus transformou-se em cena de pesadelo. Os animais — mistura de pitbulls com vira-latas — avançaram sem aviso.
— Um me mordeu a perna, outro pulou nas minhas costas — conta, mostrando as cicatrizes que ainda carrega. — Gritei tanto que perdi a voz. Parecia que iam me despedaçar.
O resgate improvável
Eis que surge um herói inesperado: um motoboy que passava pelo local. Armado apenas com um pedaço de madeira, ele dispersou os animais enquanto ligava para o SAMU.
— Aquele anjo salvou minha vida — emociona-se Ana. — Se não fosse ele... Bom, prefiro nem pensar.
As sequelas invisíveis
Passados dois anos, as feridas físicas cicatrizaram. Mas o trauma? Ah, esse ainda assombra.
- Não consigo ver um cachorro sem tremer
- Desenvolvi insônia crônica
- Faço terapia três vezes por semana
— Meus colegas dizem que exagero, mas quem nunca passou por isso não entende — defende-se, ajustando os óculos. — É como se meu cérebro tivesse gravado cada segundo.
Alerta para as autoridades
O caso levanta questões sobre o controle de animais abandonados na capital federal. Segundo dados da Vigilância Ambiental, somente este ano já foram registrados 47 ataques similares.
— Cadê as políticas públicas? — questiona Ana, agora com voz firme. — Poderia ter morrido. E amanhã pode ser outra pessoa.
Enquanto isso, ela segue reconstruindo sua vida — um dia de cada vez, como costuma dizer. Com coragem de sobra e histórias que, infelizmente, não saem tão facilmente da memória.