
Era pra ser mais uma noite comum em São Cristóvão, um daqueles dias quentes de Salvador onde o som do mar se mistura com o vai e vem do bairro. Mas o que começou como rotina terminou em puro caos. Por volta das 21h desta segunda-feira (1º), o barulho seco de tiros cortou o ar — e não foram fogos de artifício, não. Era o som pesado de violência, daquela que a gente nunca espera que chegue tão perto.
Dentro de casa, um jovem de 24 anos, que preferiu não ser identificado, estava no lugar mais seguro que imaginava: sua própria sala. Até que, do nada, um projétil cruzou paredes, venceu distâncias e o atingiu na perna. Sim, dentro de casa. A cena foi de horror silencioso: a família em pânico, a certeza de que nenhum lugar é realmente seguro quando a bala perdida resolve fazer visita.
A polícia chegou rápido, até que sim. Os PMs encontraram não só a vítima assustada, mas também vários cartuchos de arma de fogo espalhados pela rua — evidência muda de um confronto que ninguém viu, mas todo mundo ouviu. O SAMU veio correndo, fez os primeiros socorros e levou o jovem para o Hospital Geral do Estado (HGE). Ele segue internado, mas, graças a Deus, está estável. A perna machucada, a cabeça assustada, a família em revolta.
Não é a primeira vez. Nem vai ser a última?
O que mais assusta nessas horas não é só o acaso cruel — é a frequência. Salvador vive sob a sombra desses episódios, e São Cristóvão, mais uma vez, vira manchete por tudo que não deveria. A gente se pergunta: até quando? Até quantas vítimas? Quantos “por pouco não foi pior” a gente ainda vai ter que ouvir?
O caso tá sendo investigado pela 1ª Delegacia de Política Metropolitana (Depom). Eles correm atrás de pistas, imagens de câmeras, testemunhas que talvez tenham medo de falar. Mas a pergunta que fica, ecoando nas varandas e nas conversas de WhatsApp da região, é simples: quem estava atirando? E por quê?
Enquanto isso, a vida segue — mas pra essa família, e pra essa comunidade, nada vai ser como antes. Uma bala perdida não fere só o corpo; fere a confiança, a sensação de abrigo, a normalidade.