
As imagens são de cortar o coração — e o estômago. Um vídeo gravado pela câmera acoplada ao uniforme de um policial militar mostra, sem margem para dúvidas, o instante em que um jovem, já rendido e sem oferecer resistência, é executado a queima-roupa. O caso aconteceu em Paraisópolis, comunidade da Zona Sul de São Paulo, e já está sendo tratado como mais um capítulo sombrio da relação entre forças de segurança e periferia.
Segundo testemunhas — que preferiram não se identificar, claro —, o rapaz estaria desarmado quando foi abordado. "Ele levantou as mãos na hora, tava com medo. Aí ouvi o tiro e só vi ele cair", contou um morador, ainda tremendo. Detalhe: o PM que disparou nem hesitou. Foi seco, rápido, como quem está cumprindo rotina.
O que as imagens mostram?
O vídeo, que circula entre autoridades e veículos de imprensa, tem pouco mais de 40 segundos mas parece uma eternidade:
- O jovem aparece correndo, depois para abruptamente quando percebe os policiais
- Levanta as mãos acima da cabeça — gesto universal de rendição
- Um dos PMs se aproxima, arma em punho
- Dois segundos depois, o disparo. Sem aviso, sem diálogo
Pra piorar, outros agentes que estavam no local simplesmente... ignoraram. Seguiram como se nada tivesse acontecido. "Isso não é segurança pública, é carnificina autorizada", disparou uma liderança comunitária que acompanha o caso.
Repercussão e investigação
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) emitiu nota dizendo que "tomou conhecimento" e que o caso está sob investigação — aquela velha lenga-lenga. Mas aqui vai o pulo do gato: a Corregedoria da PM já identificou o policial envolvido, que foi afastado (surpresa!) com direito a salário integral.
Enquanto isso, na quebrada, o clima é de revolta misturada com desespero. "Todo dia é isso. Chega de sangue nas nossas ruas", gritava uma mulher durante protesto espontâneo que fechou ruas da comunidade ontem à noite. Velas, flores e cartazes com frases como "Justiça por mais um" marcam o local onde o corpo caiu.
Especialistas em segurança pública ouvidos pela reportagem — mas que pediram anonimato — são categóricos: "Quando você tem imagens tão claras de um homicídio, não há argumento que justifique. Isso é execução sumária, ponto final".