
As imagens são duras, perturbadoras — e agora, públicas. Um vídeo capturado por câmeras corporais da Polícia Militar de São Paulo mostra, sem cortes, o momento exacto em que dois policiais disparam múltiplos tiros contra um homem que estava, claramente, desarmado. O episódio aconteceu em Santos, no litoral paulista, e já está a gerar ondas de indignação.
Segundo as primeiras informações — ainda preliminares, diga-se —, a abordagem começou como mais uma rotina de patrulha. Os PMs suspeitavam do indivíduo, que estaria numa área conhecida por tráfico. Só que a coisa degringolou rápido, muito rápido. O suspeito teria reagido, sim, mas apenas verbalmente. Nada que justificasse o uso de arma de fogo. Mesmo assim, os tiros ecoaram.
E não foram poucos. Os agentes efetuaram vários disparos, um atrás do outro, enquanto o homem, indefeso, tentava se afastar. A cena é de cortar o coração: ele cai, e os policiais seguem atirando. Detalhe macabro? Nenhuma arma foi encontrada perto dele ou no local. Zero. Nada.
O que se sabe até agora?
O caso já foi parar nas mãos da Corregedoria da Polícia Militar, que prometeu apurar tudo com rigor. Os dois agentes envolvidos foram afastados das ruas — medida padrão nesses casos, mas que muita gente acha insuficiente. A Secretaria de Segurança Pública do Estado emitiu uma nota dizendo que “repudia qualquer tipo de excesso” e que “o caso será apurado com transparência”.
Mas a pergunta que fica, e que todo mundo se faz, é: até quando? Quantos vídeos iguais a esse precisaremos ver até que algo mude de verdade? A população de Santos, aliás, já está nas redes sociais — e o clima é de revolta. Muitos moradores relatam medo constante de abordagens violentas, principalmente em comunidades carentes.
Não é o primeiro, nem será o último
Infelizmente, episódios como esse parecem fazer parte de um roteiro já conhecido. A diferença, agora, é que as câmeras estão lá — e não mentem. Elas capturam cada detalhe, cada movimento, cada decisão errada. E aí não tem como fugir: a imagem fala por si.
Especialistas em segurança pública já vieram a público afirmar que, embora a tecnologia das câmeras seja uma avanço, ela sozinha não resolve o problema de fundo: a formação policial, a cultura do confronto, a impunidade… É um pacote amarrado, e difícil de desatar.
Enquanto isso, a família do homem baleado aguarda notícias — ele segue hospitalizado, em estado grave. O nome dele ainda não foi divulgado, e provavelmente não será tão cedo. Resta à sociedade acompanhar o desfecho — e cobrar. Porque sem pressão, coisas assim caem no esquecimento.