
Era uma tarde comum no município de São Mateus, norte do Espírito Santo, quando a vida de um adolescente de 17 anos foi interrompida de forma brutal — e, pasmem, tudo indica que dentro da lei. Pelo menos foi o que decidiu a Justiça.
O caso, que completa dois anos agora em agosto, voltou à tona com um veredicto que deixou muita gente com a pulga atrás da orelha. Um policial militar, cujo nome não foi divulgado — que conveniência, não? —, atirou e matou o jovem enquanto ele estava rendido, sem apresentar risco imediato.
O que realmente aconteceu naquela tarde?
Segundo testemunhas — sim, aquelas que a defesa tentou descredibilizar —, o adolescente já estava imobilizado quando o PM efetuou o disparo. Um tiro único. Certeiro. Mortal.
O laudo pericial, aquele documento cheio de termos técnicos que deveria trazer clareza, confirmou: o projétil atingiu o jovem pelas costas. Pelas costas! Alguém ainda duvida que ele não representava ameaça?
A defesa do PM: legítima defesa ou teatro judicial?
O advogado do policial — que deve ter suado muito para construir essa narrativa — alegou que seu cliente agiu em legítima defesa. Disse que o adolescente, mesmo rendido, supostamente fez um movimento brusco. Um movimento que ninguém além do PM viu. Conveniente, de novo.
O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJ-ES) comprou a ideia. Absolveu o acusado. E aí? Cadê o contraditório? Cadê a versão do adolescente? Ah, é mesmo… ele não está mais aqui para contar sua história.
Repercussão e revolta: a sociedade não engoliu o veredicto
Não é difícil imaginar a revolta da família — e de qualquer pessoa com mínimo de senso de justiça. A mãe do adolescente, em depoimento emocionado, disse que “a justiça falhou”. Falhou? Pra mim parece mais que nem chegou a ser feita.
O caso lembra outros tantos que rolam por aí: um PM erra, às vezes de forma grotesca, e a instituição fecha os olhos. Ou pior: a Justiça fecha. E aí fica tudo por isso mesmo? É esse o Brasil que a gente quer?
E agora? O que esperar?
O Ministério Público — que tentou condenar o policial — ainda pode recorrer. Mas convenhamos: a esperança é pouca. A sensação que fica é que a farda blindou não só o corpo, mas também as ações daquele que deveria proteger.
Enquanto isso, a família chora. A sociedade se pergunta até quando. E o PM? Bom, ele segue livre. Vida que segue? Pra alguns, sim. Pra outros, a vida parou naquele tiro.
O caso aconteceu em São Mateus, mas a discussão é nacional. Até quando vidas jovens serão ceifadas sem consequências? A pergunta fica no ar — e a resposta, bem, essa a gente ainda não tem.