Justiça Absolve Policiais em Caso da Chacina do Curió: Entenda o Desfecho Judicial
Justiça absolve policiais na Chacina do Curió em Fortaleza

Numa reviravolta que ecoa pelos corredores do poder judiciário cearense, a Justiça decidiu pela absolvição de sete policiais militares. O caso? Aquele triste capítulo da história de Fortaleza conhecido como Chacina do Curió, que deixou marcas profundas na comunidade.

Imagine só: 2020, pandemia batendo à porta, e a violência explodindo num bairro já tão castigado. Onze vidas perdidas, famílias destroçadas, e uma pergunta que não queria calar: cadê o Estado?

Os agentes – todos da tão falada Ronda do Quarteirão (RQ) – enfrentaram a acusação pesada de não terem feito o suficiente para evitar a tragédia. O Ministério Público foi pra cima, argumentando que eles sabiam dos riscos e ficaram de braços cruzados. Mas a defesa, ah, a defesa trouxe outro ângulo: como agir sem ordens superiores?

O que a Justiça considerou

O desembargador Francisco Lincoln Araújo e Silva, o relator do caso, não mediu palavras. Ele basicamente disse que não dava pra culpar os PMs por algo que, na visão dele, era falha da estrutura como um todo. "Falta de protocolos", "ausência de comando" – o problema estaria muito mais acima, nos escalões que deveriam ter dado suporte.

Numa daquelas jogadas que só o direito explica, a absolvição veio porque a tal "omissão" não se encaixaria perfeitamente no tipo penal. Tecnicamente, faltou provar que eles poderiam ter agido de outro jeito. E assim, o tribunal – por unanimidade, pasme – lavou as mãos dos sete.

E as famílias?

Aqui é que a coisa fica dolorosa. Do outro lado, estão pais, mães, filhos que enterraram seus entes queridos e ainda esperam por uma resposta que faça sentido. A decisão judicial, ainda que técnica, soa pra muitos como um banho de água fria. "Impunidade" é a palavra que some nas ruas.

Não é só sobre culpa ou inocência legal; é sobre a sensação de que algumas vidas valem menos que outras. É sobre o abismo que separa a lei dos livros da realidade das quebradas.

E agora? O caso pode ainda ser levado a instâncias superiores, então esse capítulo talvez não esteja totalmente fechado. Mas uma coisa é certa: a ferida do Curió ainda sangra, e a absolvição dos PMs não vai costurá-la tão cedo.

Enquanto isso, Fortaleza segue na busca por uma paz que parece sempre fugir entre os dedos. E a gente fica aqui, pensando: quantos mais vão precisar morrer até que a segurança vire prioridade de verdade, e não só discurso?