Família de universitário morto em ação da PM em Manaus exige justiça em audiência emocionante
Família exige justiça por universitário morto em ação da PM

O clima na audiência pública em Manaus estava pesado — daqueles que dão nó na garganta. Parentes do universitário morto durante uma ação da Polícia Militar no mês passado ocuparam as cadeiras do plenário com cartazes, fotos e uma pergunta que ecoava no silêncio: "Até quando?"

Dona Maria*, mãe do jovem de 22 anos — cujo nome a família prefere não divulgar por enquanto — segurava a foto do filho com mãos trêmulas. "Ele tava com a vida toda pela frente", disse, entre lágrimas que não pareciam acabar. O rapaz, segundo curso superior em uma faculdade particular da capital, teria sido atingido por disparos durante uma operação na Zona Leste.

O que diz a versão oficial?

A PM alega que houve troca de tiros com suspeitos — versão que a família contesta veementemente. "Meu irmão não tinha passagem, não andava armado", disparou a irmã mais velha, com a voz embargada. Segundo advogados da família, laudos preliminares indicariam que os tiros vieram de cima para baixo, o que levantaria sérias questões sobre a conduta dos agentes.

E não é só isso. Vizinhos que testemunharam o fato — e que só falaram sob condição de anonimato — contam cenas que beiram o absurdo: "Ouvi os gritos, depois os tiros. Quando olhei, ele já estava no chão, e os PMs continuavam atirando", relatou um morador, ainda visivelmente abalado.

O grito por justiça

Na plateia, dezenas de estudantes acompanhavam a sessão com faixas onde se lia "Não foi acidente, foi execução". A comoção tomou conta quando um colega de faculdade do jovem morto subiu ao microfone: "A gente não quer vingança, quer só o básico: que a verdade apareça".

O caso — mais um na longa lista de operações policiais com mortes controversas no Amazonas — reacendeu o debate sobre o uso da força. Especialistas presentes na audiência foram enfáticos: "Precisamos urgentemente de protocolos mais rígidos e de investigações independentes", cobrou uma defensora pública, enquanto anotava detalhes em um caderno já amassado de tanto uso.

Enquanto isso, a família segue sem respostas concretas. O que restou foi a promessa — sempre a promessa — de que "tudo será apurado". Mas Dona Maria, entre um suspiro e outro, parece não acreditar mais em palavras. "Só quero enterrar meu filho em paz", confessou, segurando no colo a camiseta que ele usava no último aniversário.