
Era pra ser mais um dia qualquer. Mas acabou sendo o último na vida do dentista de 47 anos — cujo nome a família prefere não divulgar — dentro de uma delegacia em Santa Catarina. O que deveria ser uma rotina burocrática virou pesadelo. E o pior? Ninguém parece ter notado.
"Como é possível não perceberem que ele estava mal?", dispara o filho, com a voz embargada. A pergunta ecoa como um soco no estômago. O homem — profissional respeitado, pai de família — chegou consciente naquela delegacia. Horas depois, estava morto.
O que os olhos não viram
Detalhes cruciais emergem aos poucos, como manchas de café numa toalha branca:
- Vítima reclamou de dores no peito
- Pediu ajuda várias vezes
- Nenhum agente chamou socorro médico
"Meu pai não era invisível", insiste o filho. E tem razão. Nas câmeras de segurança, dá pra ver claramente o dentista cambaleando, segurando o coração. Até cair. Definitivamente.
Entre a burocracia e a vida
O caso escancara uma realidade dura: quantos outros passam mal em custódia sem atendimento? A delegacia alega "protocolos seguidos", mas a família quer provas. E a verdade — essa danada que sempre escorre entre os dedos.
Enquanto isso, o IML confirma: morte por infarto. Será que um socorro rápido teria mudado o desfecho? Difícil dizer. Fácil é apontar erros alheios quando a nossa própria casa não pega fogo.
O Ministério Público já abriu investigação. Prometem apurar "possíveis negligências". Enquanto a justiça anda a passos de tartaruga, a família enterra seu morto. E sua fé no sistema.