
Era uma tarde como qualquer outra em Belo Horizonte quando o destino cruzou os caminhos de dois servidores públicos de forma trágica. Três anos depois, a Justiça de Minas Gerais finalmente deu seu veredito: 17 anos de prisão para o bombeiro militar que ceifou a vida de um agente penitenciário negro com nada menos que doze disparos.
O caso — que mistura elementos de racismo, abuso de autoridade e violência gratuita — deixou até os juízes de boca aberta. "Não se trata apenas de um homicídio, mas de um atentado contra a cidadania", declarou um dos desembargadores durante o julgamento.
O dia que virou pesadelo
Tudo começou com uma discussão besta no trânsito. Só que, no Brasil, sabemos como essas coisas escalam rápido demais. O bombeiro, que estava de folga, alegou "legítima defesa". Mas as câmeras de segurança contaram outra história: a vítima, desarmada, levou o primeiro tiro nas costas.
Doze projéteis depois, um homem estava morto no asfalto. E um servidor público — que deveria proteger vidas — transformado em assassino confesso.
Os detalhes que arrepiaram o tribunal
- A vítima tinha saído para almoçar quando o encontro fatal aconteceu
- Testemunhas afirmam que o agressor usou expressões racistas durante o ataque
- O laudo pericial mostrou que 8 dos 12 tiros foram dados à queima-roupa
"Isso aqui não é erro de cálculo, é execução sumária", resumiu o promotor do caso, visivelmente emocionado durante os debates. A defesa tentou argumentar "perturbação mental transitória", mas os juízes não compraram a ideia.
Não é todo dia que vemos um bombeiro — figura normalmente associada ao heroísmo — sendo levado algemado para cumprir pena em regime fechado. A condenação por homicídio duplamente qualificado (por motivo torpe e uso de recurso que impossibilitou a defesa) serviu como alívio para a família da vítima, que esperava por justiça desde 2022.
Enquanto isso, nas redes sociais, o caso reacendeu debates sobre racismo estrutural e violência institucional. "Quantos casos como esse ficam impunes?", questionava uma professora universitária nos comentários. Difícil responder. Mas este, pelo menos, teve seu capítulo final escrito com alguma medida de justiça.