Vítima de fisiculturista relata pesadelo de tortura e ameaças de morte em MG
Vítima relata tortura por fisiculturista em MG

Ela preferia morrer a continuar vivendo aquele pesadelo. Os socos, os chutes, as humilhações diárias - tudo parecia um filme de terror sem intervalo. Só que era real. Brutalmente real.

Aos 32 anos, a auxiliar administrativa *Carla (nome fictício) ainda treme ao lembrar os 11 meses em que foi prisioneira do próprio marido, um fisiculturista conhecido nos circuitos de competição de Minas Gerais. "Ele usava a força que treinava para competições para me esmagar", conta, mostrando as cicatrizes que vão muito além das físicas.

O inferno começou com um "não"

Tudo começou numa quinta-feira qualquer, quando se atrasou 20 minutos do trabalho. "Cheguei e ele já estava com aquela cara. Perguntou onde eu estava, e quando tentei explicar..." A voz some. Os olhos se enchem d'água. O primeiro murro veio antes da primeira palavra.

Os vizinhos? Sabiam. Mas tinham medo de denunciar. "Ele era grande, famoso na cidade. Quem ia acreditar em mim contra ele?"

Táticas de terror

  • Amarras com cordas de academia durante "sessões" de humilhação
  • Privação de comida - "Só podia comer o que ele aprovasse"
  • Isolamento total da família e amigos
  • Ameaças de morte detalhadas, incluindo como "desapareceria"

O pior, segundo ela, eram as ameaças veladas. "Ele dizia que sabia enterrar corpos no mato sem ninguém achar. Descrevia como faria comigo."

A fuga que parecia impossível

Foi uma vizinha idosa que, arriscando a própria segurança, chamou a polícia depois de ouvir gritos numa madrugada. "Quando vi a viatura, pensei: agora ele vai me matar de verdade."

Mas o inesperado aconteceu. Dois policiais mulheres perceberam a situação e agiram rápido. "Uma delas me olhou nos olhos e sussurrou: 'Você quer sair daqui hoje?'. Era tudo o que eu precisava ouvir."

Hoje, sob medida protetiva, Carla enfrenta outro desafio: reconstruir a vida. "Às vezes ainda acordo achando que estou naquela casa. Mas pelo menos agora posso gritar por ajuda."

*Nome alterado para preservar a identidade da vítima