
Imagina acordar e não ter uma gota d'água na torneira. Nem para o café, muito menos para o banho. Agora multiplica isso por quinze dias. Quinze! É o que tá rolando em Realengo, na Zona Oeste do Rio, onde moradores tão vivendo um pesadelo que parece não ter fim.
— A gente se sente completamente abandonado — desabafa uma moradora, num misto de cansaço e revolta que ecoa por todo o bairro. — É humilhante ter que pedir água pra tomar banho.
Comércio Parado e Prejuízo Certo
E não são só as residências que tão sofrendo. O comércio local tá de joelhos. Lancherias, salões de beleza, lavanderias… tudo parado. Um dono de restaurante, que preferiu não se identificar, contou que já perdeu milhares de reais em vendas e produtos estragados. "É simplesmente inviável trabalhar assim", lamenta.
E o que diz a Cedae? Ah, a companhia… diz que tá ciente dos problemas e que as equipes trabalham para normalizar o abastecimento. Só que, pelo andar da carruagem, o trabalho deles tá mais pra enxugar gelo. Os caminhões-pipa, quando aparecem, são insuficientes e a água, muitas vezes, nem é potável. Um verdadeiro desserviço.
Desespero e Adaptação Forçada
As cenas são de cortar o coração: idosos carregando baldes pesados, mães com crianças pequenas implorando por ajuda, gente se arriscando em bicas improvisadas que ninguém sabe a procedência. A criatividade pra sobreviver virou necessidade. Balde no chuveiro, água de reuso pra dar descarga, compra de galão que pesa no bolso… tudo virou rotina.
O pior de tudo é a sensação de invisibilidade. Será que ninguém vê? Será que ninguém se importa? Enquanto isso, a Cedae segue protelando, empurrando com a barriga, e o poder público… bem, parece estar bem longe dali.
A pergunta que fica, e que ninguém consegue calar, é: até quando? Até quando uma comunidade inteira vai ter que viver como se estivesse no século passado, sem um direito básico, fundamental e, vamos combinar, óbvio?