
Ela respirava fundo, tentando disfarçar o pavor, enquanto o carro avançava pela estrada. O homem ao volante — outrora alguém que jurara amor eterno — agora era seu carcereiro. A ironia cruel da vida, não é mesmo?
Numa manhã que prometia ser comum, tudo desmoronou. Ele apareceu de repente, armado, e a forçou para dentro do veículo. O medo, aquele velho conhecido, voltou com força total. Mas o que ele não contava era com a astúcia dela.
Num momento de distração — um segundo, talvez menos — ela agiu. A porta abriu, seus pés tocaram o asfalto, e o instinto de sobrevivência falou mais alto que qualquer ameaça. A fuga foi um misto de sorte, coragem e um cansaço imenso de ser refém do próprio passado.
Ela correu. Não olhou para trás. Buscou abrigo na primeira casa que viu, e gente boa — daquelas que ainda acreditam na solidariedade — a acolheu. A polícia foi acionada, e o ex-marido, esse que teima em achar que posse é sinônimo de amor, foi preso pouco depois.
Não foi a primeira vez
E aqui é que a coisa fica ainda mais revoltante: ele já tinha histórico. Brigas, ameaças, aquele clássico roteiro de terror que muitas mulheres conhecem tão bem. E mesmo assim, seguiu solto por aí, até que decidiu que sequestrar era uma opção válida.
O caso tá sendo investigado como sequestro e cárcere privado — crimes graves, daqueles que deixam marcas profundas. A vítima, abalada mas incrivelmente resiliente, recebeu apoio e deve seguir com medidas protetivas. Porque, convenhamos, ninguém merece viver com medo de quem um dia disse te amar.
Às vezes, a linha entre o amor e a obsessão doentia é tênue demais. E o perigo mora justamente aí.