
O que começa com um bate-boca besta sobre barulho pode virar, num piscar de olhos, um pesadelo de verdade. Foi mais ou menos isso que aconteceu num bairro de Juatuba, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, nesse último domingo. Duas vizinhas, que já não se bicavam, travaram mais uma daquelas discussões de sempre. Só que dessa vez, a coisa escalou para um nível assustador.
Imagina a cena: de um lado da cerca, uma mulher nervosa. Do outro, a esposa de um PM. E não é que a discussão sobre – acredita! – galinhas e um suposto barulho – fez com que uma delas fosse buscar a arma do marido? Pois é. A arma, que deveria estar trancada a sete chaves, virou protagonista de uma ameaça grave.
“Ela apontou a arma pra mim e disse que ia me matar”, contou a vítima, ainda visivelmente abalada, em depoimento. Medo puro. A sensação de que qualquer movimento errado poderia ser o último.
Onde estava o policial durante isso tudo?
Pois é… uma pergunta que não quer calar. O marido, que é soldado da PM, não estava em casa no momento do incidente. O que levanta outra questão importante: como uma arma de serviço – um instrumento que deveria ser guardado com rigor absoluto – foi parar tão facilmente nas mãos de uma leiga? Alguém dormiu no ponto, não é?
A polícia foi acionada e, claro, o caso foi parar na delegacia. A mulher que efetuou a ameaça foi detida e liberada depois de assinar um termo circunstanciado. Mas a situação, convenhamos, deixa um gosto amargo. Não é todo dia que uma discussão de condomínio vira caso de ameaça de morte com arma de policial.
O 14º Batalhão da PM já confirmou que abriu um processo administrativo para apurar a conduta do soldado. Afinal, arma da corporação não é brinquedo – é responsabilidade. E responsabilidade, nesse caso, parece ter faltado.
Morar perto dos outros nunca foi fácil – ainda mais no Brasil, onde a tensão anda sempre no talo. Mas quando uma arma entra em cena, o jogo muda completamente. E o que era um problema entre duas pessoas vira um alerta para toda a sociedade.