
Parece que o mês de conscientização não foi suficiente para frear a onda de violência que assombra as mulheres sul-mato-grossenses. Enquanto as campanhas do Agosto Lilás ecoavam por todo o estado, uma realidade cruel teimava em se impor: três vidas femininas foram brutalmente interrompidas e outras seis escaparam por pouco do mesmo destino.
Os números – que deveriam ser meras estatísticas – doem na alma de quem compreende que cada caso representa uma história truncada, sonhos despedaçados e famílias desfeitas. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) confirmou o que muitos temiam: a violência de gênero não dá trégua.
Onde o sistema falhou?
É a pergunta que não quer calar. Como podemos celebrar avanços quando mulheres continuam sendo assassinadas simplesmente por serem mulheres? Os casos se distribuíram por diferentes regiões, provando que nenhuma comunidade está imune a essa chaga social.
As seis tentativas de feminicídio – todas registradas durante este mesmo período – gritam ainda mais alto. Mostram que o perigo está mais próximo do que imaginamos, espreitando behind closed doors onde relacionamentos deveriam significar proteção, não ameaça.
Um retrato que ninguém quer ver
Os dados oficiais revelam um padrão perturbador: a maioria dos agressores eram parceiros ou ex-parceiros das vítimas. Isso desfaz qualquer ilusão de que o perigo mora apenas nas ruas escuras – ele habita os lares, disfarçado de amor e posse.
E não pense que isso é problema apenas das grandes cidades. Interior ou capital, a violência não escolhe endereço. Ela se espalha como veneno, contaminando comunidades inteiras com seu ciclo de medo e silêncio.
As autoridades – é claro – prometem investigar todos os casos com rigor. Mas será que promessas institucionais são suficientes para devolver a sensação de segurança que tantas mulheres perderam?
Além dos números: vidas interrompidas
Cada um desses três feminicídios representa muito mais que uma estatística. São careers truncadas, filhos órfãos, amigos desolados. São histórias que terminam antes da hora, deixando para trás apenas perguntas sem resposta e uma dor que não prescribe.
As seis mulheres que sobreviveram às tentativas carregarão marcas físicas e emocionais permanentes. Elas precisarão reconstruir suas vidas sobre os escombros do trauma – uma tarefa hercúlea que nenhuma deveria enfrentar sozinha.
O Agosto Lilás terminou, mas a violência não. E agora? Como seguir adiante quando a conscientização mostrou seus limites?
Talvez a resposta esteja menos nas campanhas temporárias e mais numa mudança cultural profunda. Uma transformação que comece nas escolas, continue nos lares e ecoe nas instituições. Até lá, números como esses continuarão nos assombrando.