
Imagine o pesadelo que se arrastou por quatro longos anos dentro de uma casa em Rio Branco. Um lugar que deveria ser refúgio transformou-se em cenário de horrores para uma menina. E o algoz? Nada mais, nada menos que o padrasto – um homem empregado como motorista no Tribunal de Contas do Estado do Acre (TCE-AC).
A polícia prendeu o homem nesta sexta-feira (29), e a história que veio à tona é daquelas que entalam na garganta. As investigações começaram depois de um relato anônimo, desses que chegam e deixam qualquer um de cabelo em pé. Denunciava os abusos cometidos pelo motorista contra a própria enteada.
O que se apurou foi de cortar o coração. Os crimes teriam começado quando a garota tinha apenas nove anos de idade. Sim, nove anos. E se prolongaram até ela completar treze. Quatro anos de repetidas violências, de um sofrimento silencioso que ninguém de fora desconfiava.
Uma investigação que precisou de provas concretas
Os delegados não mediram esforços. Para embasar a ação judicial e conseguir o mandado de prisão, anexaram ao processo uma porção de provas técnicas. Laudos periciais, o depoimento angustiante da vítima – que contou tudo em detalhes – e até mesmo o resultado do exame de corpo de delito, que confirmou a autenticidade das marcas da violência.
Não foi um trabalho fácil. Precisaram ouvir a família, reconstruir a linha do tempo do horror e juntar cada pecinha desse quebra-cabeça macabro. Tudo para garantir que a justiça fosse feita. O juiz da 2ª Vara da Comarca de Rio Branco não teve dúvidas ao decretar a prisão preventiva do acusado.
O silêncio que fala mais alto
O que mais assusta nesses casos, convenhamos, é o silêncio. Como algo assim consegue se repetir por tanto tempo sem que ninguém perceba? É um mistério doloroso. A mãe da menina, será que não desconfiou de nada? Vizinhos, parentes? São perguntas que ficam no ar, ecoando numa sensação de impotência.
O Tribunal de Contas do Acre, onde o motorista trabalhava, emitiu uma nota se posicionando. Informou que o funcionário está afastado do cargo desde maio, quando a investigação começou a ganhar corpo. Disse também que está prestando todo o suporte à família – o que, diga-se de passagem, é o mínimo que se espera.
O caso agora segue na Justiça. O motorista responde por estupro de vulnerável e, se condenado, pode passar longos anos atrás das grades. Uma pequena centelha de justiça para uma vida que foi violada de forma tão brutal.
Enquanto isso, a menina tenta reconstruir a própria história. Longe do pesadelo, longe do algoz. Torcemos para que ela encontre forças e, principalmente, paz.