
Imagine o desespero. Água escura, fria, invadindo o carro aos poucos. E aquele pânico que paralisa até os mais corajosos. Foi nesse pesadelo que uma mulher se viu mergulhada, literalmente, no último domingo (21), no Rio Aquidauana, em Mato Grosso do Sul.
O autor do horror? Ninguém menos que o ex-companheiro. Num acesso de ódio e possessividade doentia – coisa de quem não aceita um fim de relação –, ele simplesmente dirigiu o carro, com ela dentro, direto para as águas do rio. A frase que ele disse ecoa como uma sentença macabra: "Vamos morrer juntos". Que cena de filme, não? Só que era a vida real, de uma pessoa de carne e osso.
Mas aí é que vem a virada heroica dessa história. Enquanto o carro afundava, a instinto de sobrevivência falou mais alto. Ela, contra todas as expectativas desse covarde, conseguiu sair do veículo e nadou. Nadou pela própria vida, contra a correnteza e contra a brutalidade que tentou calar sua existência. Chegou à margem, ensopada, traumatizada, mas viva.
E o algoz? O cidadão, de 41 anos, não teve a mesma «coragem» que teve para cometer o crime. Ficou pelo caminho, sendo resgatado por populares que testemunharam a cena surreal. A Polícia Militar Ambiental chegou rapidamente e a prisão foi efetuada. Agora, ele responde nas barras da justiça por tentativa de feminicídio. Óbvio.
O carro, um Fiat Mobi, foi retirado do rio na segunda-feira (22). Um triste símbolo de uma violência que, infelizmente, ainda é tão comum. Mas também um monumento à resistência feminina. A mulher passou por exames e, fisicamente, está bem. O psicológico? Bom, isso é uma longa estrada de reconstrução.
É um daqueles casos que te fazem perder a fé na humanidade, mas, ao mesmo tempo, te mostram uma força sobre-humana. Ela escapou. Ela venceu. E isso é o que importa.