
O ar pesado na funerária não deixava dúvidas — ali se despediam não apenas de uma vida, mas de sonhos interrompidos brutalmente. Maria (nome fictício), 32 anos, teve seu futuro ceifado pelas mãos de quem jurou amá-la. O ex-companheiro, em um acesso de fúria covarde, transformou o que deveria ser apenas mais um dia em pesadelo sem retorno.
Quem esteve no velório conta que o clima era de incredulidade. "Ela era aquela pessoa que iluminava o ambiente", lembra uma amiga, enquanto ajustava as flores ao redor do caixão branco. As lágrimas — algumas contidas, outras escorrendo sem cerimônia — misturavam-se às histórias compartilhadas em voz baixa.
O que sabemos sobre o crime
Segundo as primeiras informações, tudo aconteceu na última quarta-feira, num bairro residencial da região metropolitana. O agressor, que já tinha passagem pela polícia, invadiu a residência da vítima por volta das 14h. Vizinhos ouvidos pela reportagem disseram ter escutado gritos, mas não imaginaram a dimensão da tragédia.
"Pensamos que fosse briga normal de casal", confessou uma moradora da rua, ainda abalada. Quando a polícia chegou, já era tarde demais.
Números que assustam
Enquanto isso, nas redes sociais, o caso reacendeu discussões importantes:
- Minas Gerais registrou 72 feminicídios só em 2024
- 60% das vítimas já haviam registrado ocorrência contra o agressor
- Em 8 de cada 10 casos, o crime ocorre na própria casa da vítima
Não são apenas estatísticas — são histórias interrompidas, famílias despedaçadas, comunidades em luto. Como a daquela funerária em BH, onde o cheiro de flores murchas se misturava ao desespero silencioso.
O suspeito está preso, mas isso pouco consola quem ficou. "Agora é tentar seguir em frente", diz o irmão da vítima, com os olhos vermelhos. Difícil acreditar que seguir em frente seja possível quando a injustiça dói tanto.