
Imagine confiar sua segurança a um sistema que praticamente não funciona. Pois é exatamente isso que está acontecendo no Amapá — e a situação é mais grave do que se imaginava.
Dados recentes da fiscalização estadual revelam um cenário desolador: de cinco tornozeleiras monitoradas, apenas uma — sim, você leu certo, UMA — estava sendo usada conforme as regras estabelecidas pela Justiça. Os outros quatro? Bem, é como se não existissem.
O que deu errado?
Parece piada de mau gosto, mas não é. A operação de verificação, realizada entre 8 e 12 de setembro, expôs falhas que beiram o absurdo. A maioria dos agressores simplesmente ignora as regras básicas do monitoramento — e pior: parece que ninguém estava percebendo.
Números que doem: apenas 20% dos monitorados estavam seguindo as determinações judiciais. Os outros 80%? Nem sei por onde começar a descrever o descaso.
As violações mais comuns
- Descarregar as baterias intencionalmente — porque sim, isso acontece
- Desrespeitar horários de recolher estabelecidos pela Justiça
- Frequentar locais expressamente proibidos (como perto da vítima, obviamente)
- Simplesmente ignorar que estão sendo monitorados — como se fosse um acessório fashion
E olha, não é como se fossem casos isolados. A Secretaria de Estado da Justiça e Segurança Pública (Sejusp) identificou cinco processos com medidas protetivas ativas durante a operação. Cinco oportunidades de proteger vidas — e em quatro delas, o sistema falhou redondamente.
E agora, José?
A coordenadora do Núcleo de Monitoramento Eletrônico, Jeisaela Barbosa, não esconde a preocupação. Em entrevista, ela foi direta: a situação é "gravíssima e exige ação imediata". Não é para menos — estamos falando de vidas em jogo aqui.
As medidas protetivas não são sugestões. São ordens judiciais. E quando são ignoradas, as consequências podem ser — e muitas vezes são — trágicas.
O pior? Muitas vezes as vítimas nem sabem que o agressor está descumprindo as regras. Elas pensam que estão protegidas pelo sistema, quando na realidade estão tão vulneráveis quanto antes.
O que está sendo feito?
A Sejusp já encaminhou todos os casos de descumprimento para a Vara de Violência Doméstica. Agora, cabe à Justiça decidir as sanções — que podem incluir desde multas pesadas até prisão imediata.
Mas a pergunta que não quer calar: será que medidas punitivas são suficientes? Ou precisamos repensar todo o sistema de monitoramento?
Uma coisa é certa: confiar cegamente na tecnologia sem fiscalização adequada é como trancar a porta e deixar a chave do lado de fora. O Amapá descobriu isso da pior maneira possível.
E enquanto isso, lá no Maranhão... Ah, isso é história para outra hora. Mas fica o alerta: o problema pode ser muito maior do que imaginamos.