
Numa cena que parece saída de um pesadelo, uma garota de 16 anos virou protagonista involuntária de um drama urbano em plena luz do dia. Era por volta das 15h de quinta-feira (17) quando o silêncio da Rua das Acácias, no bairro Primavera, foi quebrado por gritos desesperados.
"Achei que fosse briga de cachorro até ver aquela cena absurda", conta Maria Silva, uma das primeiras a socorrer a vítima. O que ela presenciou? Um homem arrastando uma adolescente pelo asfalto como se fosse um saco de lixo - e pasmem: era o próprio padrasto da jovem.
O resgate improvável
Não foram heróis de uniforme, mas sim gente comum - o pedreiro José, a dona de casa Rita, o motoboy Carlinhos - que formaram um cordão de proteção espontâneo. "Quando a gente viu que ele tava batendo nela, ninguém aguentou ficar parado", relata José, ainda com a voz embargada.
A ação conjunta dos moradores:
- Isolaram o agressor enquanto ele ainda tentava continuar a agressão
- Colocaram a jovem em segurança na casa de uma vizinha
- Acionaram a polícia antes mesmo que o sujeito percebesse o que estava acontecendo
Detalhe estarrecedor: segundo relatos, o homem estaria sob efeito de álcool e teria iniciado a violência porque a enteada se recusou a lhe dar dinheiro. Sim, dinheiro - como se isso justificasse qualquer coisa.
E agora, José?
A Polícia Militar chegou rápido, mas não rápido o suficiente para evitar o trauma. O indivíduo (cujo nome a gente nem merece mencionar) foi detido e deve responder por lesão corporal e ameaça. Já a adolescente foi encaminhada para atendimento médico - fisicamente machucada, mas viva, graças àqueles que não viraram as costas.
O caso reacende o debate sobre violência doméstica em Alagoas, estado que ocupa o 3° lugar no ranking nacional de agressões contra mulheres. E deixa a pergunta: quantas Marias, Josés e Carlinhos estão por aí, prontos para interromper o ciclo de violência quando as instituições falham?