
Era pra ser uma noite como qualquer outra em Mossoró, Rio Grande do Norte. Mas o que começou como uma discussão banal terminou com cenas que parecem saídas de um pesadelo. Um homem desferiu nada menos que 61 socos contra uma mulher, durante 15 minutos intermináveis de terror.
Testemunhas — ainda em choque — contam que o agressor parecia possuído por uma fúria incontrolável. "Ele batia como se estivesse martelando carne", descreve um vizinho que preferiu não se identificar. A vítima, de 32 anos, teve que ser hospitalizada com múltiplos hematomas e fraturas.
O retrato de uma epidemia silenciosa
Enquanto isso, os números não mentem (mas deveriam nos envergonhar):
- A cada 7 minutos, uma mulher é agredida no Brasil
- Os feminicídios aumentaram 5% só no primeiro semestre
- O RN ocupa o 3° lugar no ranking nacional de violência contra a mulher
"É como se a Lei Maria da Penha tivesse virado papel molhado", dispara a delegada Ana Lúcia, que chefia a DEAM local. Ela não esconde a frustração: "Prendemos, mas em semanas o cara tá solto, repetindo o ciclo".
O que falta para mudar esse jogo?
Especialistas apontam três gargalos principais:
- Falta de delegacias especializadas (só existem 500 no país todo)
- Demora na análise de medidas protetivas
- Cultura machista que ainda trata violência doméstica como "briga de casal"
Enquanto isso, nas ruas de Mossoró, mulheres andam com celulares preparados para gravar — e spray de pimenta virou acessório básico na bolsa. "Cansei de ter medo", diz Maria, 28 anos, enquanto mostra o dispositivo de segurança que comprou. "Mas não deveria ser assim."