
Era supostamente um guardião do saber, um orientador de futuros. Mas a realidade que emergiu em Ituiutaba, Minas Gerais, é de uma violência que corta a respiração. Um professor de uma escola municipal, aquele que deveria ser um porto seguro, foi algemado nesta terça-feira (27) acusado de crimes hediondos contra seus próprios alunos.
Segundo as investigações da Polícia Civil, que se arrastavam há meses com um discreto mas meticuloso trabalho, o homem de 41 anos é suspeito de cometer estupro de vulnerável contra pelo menos duas crianças. Duas. O número, por si só, já é um soco no estômago, mas a sensação é que a profundidade do abismo ainda não foi totalmente medida.
A investigação, que começou com relatos truncados e um mal-estar geral na comunidade escolar, ganhou corpo quando as peças do quebra-cabeça começaram a se encaixar. Os depoimentos das vítimas, colhidos com todo o cuidado que um caso tão delicado exige, pintaram um quadro sombrio e consistente. O laudo pericial, aquela prova técnica tão fria quanto decisiva, teria confirmado a materialidade dos crimes. Foi o suficiente para o juiz da Comarca de Ituiutaba não titubear: mandado de prisão preventiva expedido na hora.
Um Clima de Choque e Indignação
A notícia se espalhou pela cidade como um rastilho de pólvora, deixando um rastro de incredulidade e raiva. Como é possível? O questionamento paira no ar, pesado. Pais e responsáveis estão, naturalmente, em estado de choque. A escola, que deveria ser um segundo lar, um ambiente de confiança absoluta, foi violada da forma mais brutal possível.
Não foi um desconhecido num beco escuro. Foi alguém com credibilidade, com acesso, com a chave que abre portas e, aparentemente, quebrou barreiras morais inquestionáveis. A delegada Titina Cura, que comanda as operações, foi enfática: a investigação segue a todo vapor para descobrir se há mais vítimas. Porque uma já seria demais.
E Agora, José?
O preso, cujo nome foi preservado para não identificar as vítimas – afinal, a lei existe para protegê-las, não ele – está à disposição da Justiça. A defesa, é claro, ainda vai se pronunciar. Mas o estrago já está feito. A confiança da comunidade na instituição escolar levou um golpe duríssimo.
Este caso vai muito além de uma prisão. Acende um sinal de alerta vermelho e estridente sobre os mecanismos de proteção aos nossos filhos. Será que estamos realmente vigilantes? Será que os filtros são suficientes? Perguntas difíceis que exigem respostas urgentes, não só em Ituiutaba, mas em todo o país.
Enquanto isso, duas crianças e suas famílias tentam, de alguma forma, seguir em frente. Carregando um fardo que nenhum ser humano, muito menos uma criança, merece carregar.