
Os números são de cortar o coração. No Piauí, a cada 24 horas, duas vítimas — muitas vezes crianças ou adolescentes — sofrem o pesadelo do estupro de vulnerável. Uma realidade que dói, mas que não pode ser ignorada.
O retrato cruel dos números
Parece até exagero, mas não é. Os dados oficiais mostram que o estado registra, em média, dois casos desse crime hediondo por dia. E olha que esses são só os casos que chegam às autoridades — a subnotificação é um fantasma que assombra as estatísticas.
"É como se a cada 12 horas um novo trauma fosse registrado", comenta uma assistente social que prefere não se identificar. Ela trabalha diretamente com vítimas e sabe que os números são só a ponta do iceberg.
Quem são as vítimas?
Na maioria esmagadora dos casos, estamos falando de:
- Crianças entre 10 e 14 anos
- Adolescentes com algum tipo de deficiência
- Pessoas em situação de rua ou abrigos
E tem mais: em 8 em cada 10 casos, o agressor é alguém próximo — parente, vizinho ou conhecido da família. Isso muda completamente a forma como precisamos abordar o problema.
Sinais que gritam por ajuda
Nem sempre a vítima consegue verbalizar o que aconteceu. Mas o corpo fala — e como! Fique atento a:
- Mudanças bruscas de comportamento (aquele aluno extrovertido que virou uma sombra)
- Medo inexplicável de certas pessoas ou lugares
- Regressão a comportamentos infantis (voltar a fazer xixi na cama, por exemplo)
- Marcas físicas que a criança não consegue explicar direito
Ah, e não caia nessa de "ah, mas criança inventa coisa". Na dúvida, investigue. Melhor pecar por excesso de cuidado, não acha?
Como denunciar (sem medo de errar)
O Disque 100 continua sendo o canal mais direto. Mas se você prefere o anonimato, dá pra fazer a denúncia:
- Pelo aplicativo Direitos Humanos Brasil
- Nas delegacias especializadas (sim, elas existem!)
- Através de conselhos tutelares ou escolas
Uma dica quente: se testemunhou algo, anote detalhes — data, horário, características do suspeito. Esses pingos nos is fazem toda diferença na investigação.
Enquanto isso, no front da prevenção, especialistas batem na tecla da educação sexual nas escolas. "Não é sobre ensinar sexo, é sobre ensinar autocuidado", defende uma professora de Teresina que trabalha com o tema há 15 anos.
Os números assustam, sim. Mas o silêncio — esse é o verdadeiro inimigo. Denunciar pode ser difícil, mas não fazer nada é infinitamente pior.