
Uma cena que parece sair de um pesadelo distópico, mas infelizmente é realidade crua no Amazonas. Uma mulher indígena — cuja identidade permanece sob sigilo — teve coragem de romper o silêncio e denunciar uma sequência de estupros cometidos por policiais civis dentro de uma delegacia. O detalhe mais aterrador? Tudo acontecia a poucos metros de seu filho recém-nascido, indefeso no colo da mãe.
Segundo o relato — que já está sendo investigado pelo Ministério Público —, os abusos começaram quando ela foi levada à delegacia para prestar esclarecimentos sobre um caso menor. Ali, entre paredes que deveriam representar segurança, transformou-se em vítima de agentes que juram proteger a população. "Eles riam... faziam piadas... eu só pensava no meu bebê chorando", contou a indígena, em depoimento que deixou investigadores estarrecidos.
O modus operandi dos agressores
Os policiais agiam com uma frieza que beira o inacreditável:
- Isolavam a vítima em salas sem câmeras
- Usavam o bebê como "garantia" para coagir silêncio
- Rotatividade de agressores em diferentes turnos
Não foi um episódio isolado, mas uma sucessão de violências que se prolongou por dias. Até que, num ato de coragem sobre-humana, a indígena conseguiu enviar uma mensagem discreta para familiares. Quando a Defensoria Pública chegou ao local, encontraram-na em estado lastimável — desidratada, com marcas de violência e o bebê visivelmente debilitado.
Reações e desdobramentos
A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas já afastou os envolvidos e prometeu apuração rigorosa. Mas sabe como é — nessas horas sempre aparece alguém pra dizer que "é caso isolado" ou que "a versão precisa ser confirmada". Enquanto isso, movimentos indígenas ocuparam as redes sociais com a hashtag #JustiçaParaNossaMãe, pressionando por respostas concretas.
O caso escancara uma ferida antiga: a vulnerabilidade de mulheres indígenas no sistema policial brasileiro. Segundo dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), 78% das denúncias de violência sexual contra indígenas sequer chegam à fase de denúncia formal. Quando o agressor veste farda, esse número cai para quase zero.
Psicólogos que acompanham a vítima relatam sequelas profundas — tanto nela quanto no bebê, que desenvolveu trauma ao choro contínuo. "É como se aquele lugar tivesse roubado deles não só a dignidade, mas a capacidade básica de confiar em qualquer autoridade", desabafa uma das terapeutas.