Desaparecimento de idoso no Tocantins completa 1 ano: família exige respostas das autoridades
Idoso some no Tocantins: família clama por respostas após 1 ano

Era um dia como qualquer outro na vida de Seu Antônio*. O sol escaldante do Tocantins castigava a terra seca quando ele saiu, como de costume, para cuidar do gado. Só que dessa vez... nunca mais voltou.

Um ano depois, a família ainda segura na mão o mesmo vazio — e na outra, a revolta. "É como se ele tivesse virado fumaça", desabafa Maria*, filha do desaparecido, enquanto mostra a última foto do pai, tirada justo naquela manhã.

O sumiço que virou pesadelo

Detalhes? Poucos e frustrantes. Testemunhas dizem tê-lo visto pela última vez perto do curral, por volta das 10h. Seu chapéu de couro — aquele que usava há 15 anos — foi encontrado intacto a 500 metros dali. E depois... silêncio.

A delegacia regional registrou o caso como "desaparecimento voluntário" em 48 horas. "Voluntário? Meu pai deixou até o remédio da pressão em cima da mesa", rebate o genro, José*, com a voz embargada.

Família vira detetive

Sem respostas oficiais, transformaram a dor em ação:

  • Distribuíram 3.000 panfletos a mão
  • Fizeram buscas com drones emprestados
  • Contrataram um perito particular (com economias da aposentadoria da mãe)

"A gente virou noite vendo vídeo de câmera de posto até os olhos arderem", conta Maria. Tudo em vão.

O muro da burocracia

Na delegacia, o caso acumula poeira — literalmente. "O inquérito tá parado desde março", revela um funcionário que pediu anonimato. A família já perdeu as contas de quantas vezes pisou no fórum:

  1. 12 pedidos de atualização
  2. 4 ofícios ignorados
  3. 1 habeas corpus negado

"É como bater numa porta de caixão", compara José, enquanto mostra a pasta abarrotada de documentos.

O preço da espera

Dona Marta*, esposa de Seu Antônio, desenvolveu úlcera de tanto chorar. "Antes eu rezava pra achar ele vivo. Agora... só quero poder enterrar meu marido", diz, segurando o terço que ele lhe deu no aniversário de casamento.

Enquanto isso, o gado — a última lembrança viva do patriarca — foi sendo vendido peça por peça para custear as buscas. "Até o boi pintado, o favorito dele, a gente teve que passar pra frente", conta Maria, limpando as lágrimas com a manga da blusa.

*Nomes alterados a pedido da família