Imagine um lugar onde o cheiro de mofo se mistura com o odor de urina, onde colchões velhos servem de cama e a comida estragada fica ao alcance de mãos trêmulas. Foi assim que agentes da Defesa Civil encontraram 36 idosos em um suposto abrigo na Zona Norte do Rio — um cenário digno de pesadelo que, infelizmente, era realidade.
Numa operação que parecia mais cena de filme policial, a equipe descobriu que o local — que se passava por instituição de acolhimento — nem sequer tinha alvará de funcionamento. "Era como um depósito de gente", relatou um dos agentes, ainda visivelmente abalado.
Condições que envergonham
Os detalhes são de cortar o coração:
- Vazamentos expostos criavam poças no chão — verdadeiras armadilhas para quem mal consegue andar
- Remédios espalhados sem qualquer controle, alguns vencidos há meses
- Comida armazenada de qualquer jeito, com sinais claros de contaminação
E o pior? Muitos desses idosos tinham famílias que pagavam mensalidades altíssimas, acreditando que seus entes queridos estavam bem cuidados. "É de cair o queixo", comentou uma vizinha que preferiu não se identificar.
O outro lado da moeda
Quando questionados, os responsáveis — se é que podemos chamá-los assim — tentaram justificar o injustificável. Alegaram "dificuldades financeiras" e "falta de apoio governamental". Convenhamos, nenhuma dificuldade justifica tratar seres humanos como objetos esquecidos no fundo de um armário.
Enquanto isso, os idosos resgatados foram encaminhados para abrigos municipais. Alguns, tão fragilizados, mal conseguiam entender o que estava acontecendo. Outros choravam de alívio — ou seria de vergonha? Difícil dizer.
O caso levantou questões importantes: quantos locais assim ainda existem por aí? Como fiscalizar melhor essas instituições? E nós, sociedade, o que estamos fazendo para evitar que histórias como essa se repitam?
Uma coisa é certa: envelhecer no Brasil continua sendo, para muitos, uma loteria perigosa. E dessa vez, infelizmente, os números sorteados foram cruéis.
