
Era pra ser mais um dia comum nas ruas de Maricá, mas o que um catador de recicláveis carregava em seu carrinho chamou a atenção – e não era papelão ou latinhas. Materiais que claramente saíram de um ambiente hospitalar, alguns até com manchas suspeitas, estavam ali, expostos como se fossem lixo comum.
A cena, digna de filme de terror sanitário, aconteceu na Região dos Lagos e agora virou caso de polícia. O que diabos esses resíduos faziam em via pública? Essa é a pergunta que investigadores tentam responder após o flagrante que deixou até os agentes de saúde em alerta máximo.
Risco à vista
Segundo testemunhas, o homem – que trabalhava como catador – parecia não ter noção do perigo que carregava. "Ele tava tranquilo, empurrando o carrinho como se fosse coisa normal", contou um morador que preferiu não se identificar. Normal? Longe disso. Agulhas, frascos com restos de medicamentos e até ampolas com fluidos corporais estavam no meio daquela carga sinistra.
A delegacia especializada em crimes ambientais assumiu o caso e já rastreia a origem dos materiais. Duas hipóteses estão na mesa:
- Descarte criminoso por algum estabelecimento de saúde que quis economizar na destinação correta
- Furto seguido de abandono dos itens por não terem valor comercial
Enquanto isso, a Vigilância Sanitária local entrou em modo de emergência. Afinal, estamos falando de objetos que podem transmitir doenças graves – hepatite, HIV e outras infecções – se manuseados sem proteção. E pensar que crianças brincam nessa região...
O outro lado da moeda
O catador, que teve a identidade preservada, alega que encontrou os materiais já abandonados e só estava fazendo seu trabalho. "Eu não sabia que era perigoso", teria dito aos policiais. A defesa, porém, esbarra num detalhe: alguns itens estavam limpos demais para terem sido recolhidos na rua.
Especialistas ouvidos pela reportagem são categóricos: isso é falha gravíssima na cadeia de descarte médico. Seja por negligência ou má-fé, o resultado é o mesmo – risco público. E Maricá, que tanto se orgulha de suas praias imaculadas, agora tem esse problema para resolver.
Enquanto a investigação corre, uma pergunta fica no ar: quantos outros casos assim passam despercebidos por aí? A resposta, infelizmente, pode ser assustadora.