Chacina do Curió: Réus Tomam a Palavra em Julgamento que Abala o Ceará
Chacina do Curió: Réus são ouvidos em julgamento

O ar no tribunal estava pesado, daqueles que você quase pode tocar. Nesta quinta-feira, o caso que chocou o estado do Ceará completou seu quinto dia de julgamento, e finalmente – talvez num momento aguardado com um misto de horror e curiosidade – os réus foram ouvidos. A tal Chacina do Curió, um daqueles episódios que a gente nunca esquece, aconteceu lá em 2015, mas o gosto amargo na boca da população ainda permanece.

Três indivíduos, Marcos Antônio Alves Ferreira, José Edson Fonteles de Oliveira e Francisco Edimilson Silva Sousa, estão lá no banco dos réus. A acusação é pesada: participação num massacre que tirou a vida de oito pessoas. Oito. Parece até número de guerra, não é? E tudo numa única noite, no bairro Curió, em Fortaleza. A vida, às vezes, vira um pesadelo num piscar de olhos.

O Ministério Público, claro, não poupou esforços. Eles pintaram um quadro tenebroso, alegando que o crime foi meticulosamente planejado. Uma execução, nas palavras deles, com direito a emboscada e um nível de crueldade que beira o inacreditável. Do outro lado, a defesa tenta erguer um castelo de dúvidas, questionando as provas e a narrativa que foi construída ao longo desses anos todos.

O Drama do Quinto Ato

O julgamento, que já virou uma espécie de novela de horário nobre – só que com consequências reais e trágicas –, segue seu curso no Fórum Clóvis Beviláqua. O Tribunal do Júri é quem segura as rédeas agora, tendo que decifrar um quebra-cabeça macabro com peças que não parecem se encaixar perfeitamente.

E não é que a coisa toda pode se estender até sexta-feira? O desfecho – aquele momento em que todo mundo prende a respiração – está previsto para amanhã. Mas, cá entre nós, nesses casos, previsão é sempre uma palavra otimista.

O caso é, para ser franco, um daqueles que define uma época. Um marco de violência que fez o estado inteiro parar e se perguntar como as coisas chegaram a esse ponto. A expectativa é palpável, um clima de "o que será que vai sair disso tudo?" paira sobre todos.

O desfecho desse capítulo sombrio não vai devolver as vidas perdidas, mas talvez – só talvez – possa começar a fechar algumas feridas que ainda sangram na memória de Fortaleza.