Chacina do Curió: Tribunal do Júri entra no terceiro dia de julgamento com tensão e expectativa por justiça
Chacina do Curió: 3º dia de julgamento no TJCE

O ar no Tribunal de Justiça do Ceará está pesado, carregado de uma expectativa que quase dá para tocar. Estamos no terceiro dia desse martírio judicial — o julgamento da Chacina do Curió, um daqueles casos que deixam marcas permanentes na alma de uma cidade.

Setenta testemunhas. Sete réus. Cinco vidas brutalmente interrompidas numa noite de abril de 2015. O número que mais ecoa, no entanto, é um só: a busca incansável por justiça, que completa uma década.

E olha, não é um processo qualquer. É um tribunal do júri, aquele teatro dramático da vida real onde cada gesto, cada palavra, pesa como chumbo. A defesa e o Ministério Público travam uma batalha ferrenha, cada um puxando a corda para o seu lado, enquanto sete destinos pendem na balança.

Os nomes por trás dos autos

Do lado de cá, os acusados. Francieldo de Sousa Lima, Francisco Edvan da Silva, Francisco José Ferreira, Francisco Vanieson da Silva, José Edvar da Silva, José Erivanio da Silva e Raimundo Nonato Alves da Silva. Nomes comuns, rostos comuns, acusados de um crime que foi tudo, menos comum.

Do outro lado, o vácuo doloroso deixado por Francisco Alisson da Silva, Francisco Igor da Silva, José Carlos de Sousa, José Neto Landim e Mateus da Silva. Jovens. Vida pela frente. História interrompida pela violência que ninguém merece.

O peso dos anos

Uma década se passou desde aquela noite fatídica. Dez anos de inquéritos, diligências, adiamentos e espera. Muita espera. Para as famílias, cada dia foi uma eternidade. Agora, sentadas na arquibancada desse drama judicial, elas assistem a tudo com um misto de esperança e temor.

O promotor Rafael de Oliveira e a defesa, liderada pelo experiente João de Deus, não mediram esforços. As alegações finais foram um duelo de narrativas — de um lado, a frieza de uma execução premeditada; do outro, a defesa apontando supostas inconsistências nas provas.

E no centro de tudo, os jurados. Sete cidadãos comuns, com a responsabilidade hercúlea de decifrar a verdade entre versões conflitantes e decidir o futuro daqueles homens.

O que esperar do terceiro ato?

O julgamento segue hoje, e ninguém arrisca um palpite sobre quando terminará. Essas coisas têm um ritmo próprio, uma cadência imprevisível. A tensão é palpável — um fio esticado que pode arrebentar a qualquer momento.

O caso Chacina do Curió virou um símbolo. Símbolo de uma violência que assola nosso país, mas também da resistência de quem insiste em acreditar na justiça, mesmo quando ela tarda. O Ceará inteiro parece segurar a respiração, aguardando o desfecho desse capítulo trágico.

Uma coisa é certa: nenhuma sentença vai devolver os que se foram. Mas pode, quem sabe, trazer um pouco de paz àqueles que ficaram. E mostrar que, por mais que demore, a justiça não se deixa esquecer.