Combustível Fraudado: Carros com Tanques 'Espertos' Rodam o Brasil para Pegar Postos na Mira
Carros com tanques adaptados flagram combustível fraude

Imagine encher o tanque do seu carro e, poucos quilômetros depois, aquele motor que sempre foi fiel começa a falhar, a dar espirros. A suspeita recai sobre o último lugar que você abasteceu, claro. Mas como provar? Pois é, uma turma esperta bolou um jeito nada convencional – e genial, diga-se – de transformar suspeita em certeza.

Espalhados pelas estradas e cidades do país, carros com uma verdadeira engenhoca a bordo estão fazendo a diferença. São veículos com tanques adaptados, uma espécie de laboratório móvel, que coletam amostras do combustível vendido em bomba. A ideia é simplesmente brilhante: comprar, coletar e mandar para análise. Se tiver coisa errada, o posto está com os dias contados.

O Mecanismo da Denúncia

Não é nada muito futurista, mas a eficácia é que conta. Os carros – muitos deles da própria frota de órgãos de defesa do consumidor – foram equipados com um segundo tanque, um reserva. Esse tanque extra é isolado e hermético, projetado para guardar a amostra exata do que foi comprado, sem contaminação. É a prova viva, ou melhor, líquida, da fraude.

E olha, o problema é mais comum do que a gente imagina. Álcool na gasolina, gasolina no diesel, solvente em tudo quanto é lugar... a criatividade do malandro é infinita. Só que agora, a corda está arrebentando do lado errado. As amostras colhidas são enviadas para laboratórios credenciados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo). Laudo em mãos, o Procon e a polícia fecham o cerco.

Os Alvos e as Consequências

Os alvos principais? Aqueles postos que sempre estão com um preço muito abaixo da média da região. Aquela tentação que faz o motorista desviar o caminho. A velha máxima se aplica: quando a esmola é demais, o santo desconfia. E agora, com essa ação, a desconfiança vira ação.

As penalidades para quem é pego não são leves. Multas que doem no bolso, interdição das bombas fraudulentas e, em casos mais graves, até a cassação da licença para funcionar. Fora o processo por crime contra as relações de consumo – que pode levar a coisa para um caminho sem volta.

Um Alerta para o Consumidor

E o que nós, consumidores comuns, podemos fazer? A dica de ouro é sempre, sempre, pedir a nota fiscal. Aquele papelzinho é sua maior arma. Ele compra que você esteve lá, naquele exato momento, e abasteceu com aquele produto. Sem ele, fica a sua palavra contra a do dono do posto.

Desconfiou que o carro está performando mal depois de um abastecimento? Não pense duas vezes: procure o Procon da sua cidade ou até mesmo faça um boletim de ocorrência. Sua atitude pode proteger centenas de outros motoristas de cair na mesma armadilha.

No fim das contas, essa história toda mostra uma virada de jogo. De um lado, a fraude sorrateira. Do outro, a tecnologia simples e a persistência de quem não está mais disposto a ser feito de trouxa. Os carros-laboratório são a prova de que, às vezes, para combater a esperteza alheia, é preciso ser ainda mais esperto.