Há exatamente cinco décadas, o Brasil acordou com uma notícia que mudaria para sempre a história do país. No dia 25 de outubro de 1975, o jornalista Vladimir Herzog, diretor de jornalismo da TV Cultura, comparecia voluntariamente ao DOI-CODI em São Paulo para prestar esclarecimentos. Horas depois, seria anunciada sua morte por suicídio - uma versão amplamente rejeitada pela sociedade e que se tornaria símbolo da resistência contra a ditadura militar.
O Homem Por Trás do Nome
Vlado, como era conhecido, não era apenas um profissional respeitado. Nascido na antiga Iugoslávia e naturalizado brasileiro, Herzog representava o melhor do jornalismo: comprometido com a verdade e com o Brasil. Seu assassinato aos 38 anos deixou viúva Clarice Herzog e dois filhos pequenos, além de marcar profundamente a comunidade jornalística.
O Dia que Não Sairá da Memória
O contexto era de crescente pressão do regime sobre intelectuais e jornalistas. Herzog foi convocado para depor sobre supostos vínculos com o Partido Comunista Brasileiro. Ao apresentar-se espontaneamente, demonstrando transparência, ele não poderia imaginar que não sairia vivo das dependências do Exército.
A Farsa do Suicídio
A versão oficial de suicídio por enforcamento foi imediatamente contestada. As evidências físicas não coincidiam com a história apresentada pelas autoridades. Mais do que isso: quem conhecia Vlado sabia que ele jamais abandonaria sua família dessa maneira.
O Funeral que se Tornou Protesto
No dia 31 de outubro de 1975, ocorreu um dos momentos mais significativos da resistência democrática. O culto ecumênico na Catedral da Sé, celebrado pelo rabino Henry Sobel e por dom Paulo Evaristo Arns, reuniu milhares de pessoas em um silencioso e poderoso protesto contra a violência do Estado.
O Legado que Permanece
Cinco décadas depois, a memória de Vladimir Herzog continua viva através de:
- Instituto Vladimir Herzog - dedicado à defesa dos direitos humanos
- Prêmio Jornalístico que leva seu nome
- Luta permanente por verdade e justiça
- Inspiração para novas gerações de jornalistas
A história de Vlado nos lembra que a verdade e a justiça podem ser adiadas, mas nunca silenciadas. Seu sacrifício acelerou o processo de abertura política e se tornou parte fundamental da identidade democrática brasileira.