Mulher baleada por PM após encontro em Rio Preto: 'Ele atirou porque me recusei a ir com ele'
PM atira em mulher após encontro em Rio Preto; vítima relata agressão

Uma mulher foi vítima de um grave episódio de violência em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, após um encontro marcado pelas redes sociais com um policial militar. Victória Lopes, de 24 anos, levou um tiro na perna na madrugada do dia 7 de dezembro, após se recusar a entrar no carro do homem. O caso veio à tona após a divulgação do boletim de ocorrência pela TV TEM no último domingo (14).

O encontro que terminou em tragédia

De acordo com o relato da vítima ao g1, ela conheceu o policial através das redes sociais e combinou um encontro em um bar na noite do dia 6 de dezembro. Por volta das 23h, o PM a buscou em casa, fato registrado por câmeras de segurança. No bar, ele revelou sua profissão. Após saírem do estabelecimento, os dois foram a um posto de combustíveis, onde a situação começou a se deteriorar.

No local, Victória encontrou amigos e conhecidos, que a cumprimentaram. Segundo ela, a atitude do policial mudou completamente. "Ele falou que não estava tudo bem, porque eu só cumprimentava amigos ‘noia’, que eu era folgada, que eu estava com ele e que eu tinha que ir embora com ele, que eu precisava de um homem para me endireitar", contou a jovem, destacando que uma intuição a alertou para não sair de casa naquela noite.

O tiro e a fuga do agressor

Diante da recusa firme de Victória em entrar no carro dele, o policial, já visivelmente estressado e gritando, teria sacado sua arma e disparado contra o joelho da mulher. Após o disparo, ele fugiu do local dirigindo. A Polícia Militar foi acionada e encontrou Victória caída no chão, ferida. Funcionários do posto a socorreram e ela foi encaminhada ao Hospital de Base (HB), onde passou por cirurgia.

A jovem recebeu alta no dia 9 de dezembro, mas as sequelas são graves. "Eu perdi parte do meu joelho, precisou retirar os estilhaços da bala. Eu ainda estou sem andar, de cadeira de rodas, muleta e andador", lamentou. Ela ainda não sabe quando voltará a andar e precisará fazer fisioterapia. "Estou muito traumatizada e abalada emocionalmente. Espero justiça e que ele não saia impune", desabafou.

Versões conflitantes e investigação

O policial militar envolvido se apresentou na delegacia no mesmo dia do ocorrido e deu sua versão dos fatos à Polícia Civil. Ele alegou que amigos da vítima chegaram ao posto e iniciaram uma discussão, aparentando estar sob efeito de drogas, e que agiu em legítima defesa. O revólver calibre 38 utilizado no crime foi apreendido, com cinco munições intactas. O homem foi ouvido e liberado, e o caso foi registrado como lesão corporal de natureza grave.

Em nota enviada na segunda-feira (15), a Polícia Militar do Estado de São Paulo informou que o policial foi afastado do serviço operacional. A corporação afirmou que acompanha o andamento das investigações da Polícia Civil. Victória Lopes informou que compareceria à delegacia nesta segunda-feira para prestar novo depoimento. O g1 tentou contato com o acusado, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

O caso reacende o debate sobre violência contra a mulher e a conduta de agentes de segurança, enquanto a vítima aguarda por respostas e por sua recuperação física e emocional.