
Eis que o cenário sombrio das drogas sintéticas no país ganha novos e preocupantes capítulos. Não são meras variações de coisas que já conhecíamos – são três compostos totalmente novos, que parecem saídos de um laboratório clandestino de pesadelo.
O governo federal, através de uma ação conjunta da Polícia Federal e da Anvisa, confirmou a circulação dessas substâncias. A descoberta não foi por acaso: veio de apreensões feitas em encomendas postais, naquelas fiscalizações de rotina que às vezes rendem achados assustadores.
O que se sabe sobre esses novos compostos?
Pouco, e é justamente isso que tira o sono dos especialistas. Duas são canabinoides sintéticos – aqueles que imitam os efeitos da maconha, mas com uma potência brutal e totalmente imprevisível. A terceira? Um estimulante poderosíssimo, daqueles que prometem euforia, mas cobram um preço altíssimo do corpo e da mente.
Os nomes técnicos soam como enredos de ficção científica: MBMB-4en-PINACA, AD-18 (um canabinoide) e 2-Methyl-AP-237. Mas não se engane pela nomenclatura complexa. Na prática, são cócteis químicos vendidos a preço de ouro para jovens desavisados em festas e baladas.
Por que isso é tão perigoso?
Bom, a resposta é mais simples – e mais trágica – do que imaginamos. Drogas sintéticas, diferente das plantas, não têm dosagem segura. Um micrograma a mais pode ser a diferença entre uma 'brisa' e uma overdose fatal. E pior: como são novas, nem os médicos sabem ao certo como tratar uma pessoa intoxicada.
Ah, e tem mais: muitas vezes elas são vendidas como se fossem outras coisas – MDMA, ecstasy, ou até mesmo como 'legal highs' (algo como 'baratos legais'). Só que não há nada de legal nisso. São armadilhas químicas disfarçadas de diversão.
O Brasil, infelizmente, virou rota dessas novidades. O tráfico internacional está de olho no nosso mercado – e não hesita em usar métodos criativos para burlar a fiscalização. Correios, encomendas internacionais, pacotes discretos... Tudo vale a pena quando o lucro é astronômico.
E agora? O que está sendo feito?
O governo prometeu agir. E rápido. A ideia é incluir essas substâncias na lista de drogas proibidas – o que, em tese, daria mais poder para polícia e justiça combaterem quem as produz ou vende.
Mas será que basta? Especialistas ouvidos pela reportagem são céticos. Enquanto houver demanda, alguém vai arriscar fornecer. A verdadeira batalha, dizem, é pela informação. Alertar pais, jovens, educadores. Mostrar que experimentar uma substância desconhecida é como jogar roleta russa com a própria vida.
O recado, portanto, é claro: a curiosidade pode custar caro. Muito caro. E num país já tão castigado pela violência e pelos problemas sociais, novas drogas sintéticas são a última coisa de que precisamos.