
O silêncio da noite de Jucurutu, essa cidade do Seridó potiguar que normalmente dorme tranquila, foi rasgado por disparos na madrugada desta terça-feira. E o que se seguiu foi uma cena de horror que vai marcar para sempre a comunidade.
Por volta das 2h30, sabe como é? Aquela hora em que só quem está com a consciência pesada ou com o sono leve ainda está acordado. Foi quando dois indivíduos – testemunhas dizem que estavam encapuzados, mas isso a polícia ainda confirma – simplesmente invadiram uma casa no Conjunto Tiradentes.
E não foi um assalto. Pelos detalhes que estão circulando, parece que tinham um alvo específico em mente. Os criminosos foram direto ao ponto: executaram a tiros José Iran de Oliveira, de 45 anos, e o filho dele, Iago de Oliveira, que mal tinha começado a vida, com apenas 22 anos.
O Que Restou: Perguntas e um Vazio
A perícia técnica trabalhou no local até o amanhecer, tentando juntar as peças desse quebra-cabeça macabro. Quantos tiros? De que calibre? Há alguma câmera de segurança por perto que possa ter captado a entrada ou fuga dos assassinos? São esses os detalhes cruciais que a Polícia Civil mantém sob sigilo.
O mais angustiante, para não dizer aterrorizante, é a falta de um motivo claro. Vizinhos, em choque, relatam à reportagem que não ouviram barulho de discussão. Apenas os estampidos secos dos tiros, seguidos por um silêncio pesado e depois… o desespero.
— A gente não espera por uma coisa dessas aqui. É uma família trabalhadora, tranquila. Quem faria isso? — comentou um vizinho que preferiu não se identificar, num misto de medo e incredulidade.
Além dos Boletins de Ocorrência
Enquanto os números oficiais de violência no RN são discutidos em gráficos e planilhas em Natal, aqui no interior a realidade é mais crua e imediata. Um crime desses não é apenas uma estatística. É um rombo na sensação de segurança de todo mundo. É o medo de que sua porta possa ser a próxima.
O delegado plantonista registrou o caso como homicídio qualificado (e qualificação não falta aqui, hein?). A motivação? Eis a grande interrogação. A 6ª Delegacia Regional de Polícia Civil, em Caicó, assumiu as investigações e já deve estar correndo atrás de pistas.
Mas numa cidade do interior, onde todo mundo se conhece, o segredo é uma mercadoria rara. Alguém viu algo. Alguém sabe de algo. Resta saber se terá coragem de falar.
Os corpos de José Iran e Iago foram encaminhados para o Instituto Técnico-Científico de Polícia (ITEP) em Caicó. Lá, os peritos vão tentar extrair das balas a história que ninguém mais quer contar. Enquanto isso, duas famílias choram. E uma cidade inteira tenta entender o inexplicável.