
Imagine sair para fazer compras e, de repente, se ver no meio de uma cena de violência gratuita. Foi exatamente o que aconteceu com a jornalista Leilane Neubarth — e olha que ela nem estava cobrindo uma pauta policial.
Numa tarde como qualquer outra, enquanto escolhia produtos numa loja de departamentos, Leilane foi alvo de um ataque que deixaria qualquer um em estado de choque. "Do nada, senti um puxão violento no braço", contou ela, ainda visivelmente abalada. "Quando me virei, vi um homem tentando arrancar minha bolsa com uma força desumana."
O desespero de quem vive a violência na pele
O que se seguiu foi um daqueles momentos que parecem durar horas — embora tenham sido meros segundos. Leilane, conhecida por sua postura firme diante das câmeras, revelou ter sentido um misto de raiva e vulnerabilidade. "Gritei como nunca na vida. Meu instinto foi lutar, mas a força dele era absurda", desabafou.
Felizmente, a intervenção de outros clientes e funcionários impediu que a situação escalasse para algo pior. Mas as marcas — físicas e emocionais — ficaram. "Tenho hematomas no braço que parecem mapa de constelações", brincou ela, tentando aliviar a tensão com humor negro.
O depois que ninguém vê
O que mais chocou Leilane, porém, não foi exatamente o ato em si. "Depois que a adrenalina baixou, veio aquela pergunta: e se eu não tivesse reagido? E se ninguém tivesse intervindo?", questionou. A jornalista, que sempre abordou casos de violência contra mulheres em seus trabalhos, nunca imaginou que se tornaria estatística.
E aqui vai um dado que dá frio na espinha: segundo levantamentos recentes, a cada 4 minutos uma mulher sofre violência no Brasil. Números que, convenhamos, fazem qualquer um pensar duas vezes antes de sair de casa.
Da indignação à ação
Longe de se vitimizar, Leilane transformou a experiência em combustível para uma discussão necessária. "Precisamos falar sobre segurança nos espaços públicos. Sobre a naturalização da violência. Sobre como reagir nessas situações", defendeu.
Ela mesmo admite que, como comunicadora, tem agora uma responsabilidade a mais. "Se isso aconteceu comigo, que tenho certa visibilidade, imagina com quem não tem voz?", provocou. A jornalista já planeja abordar o tema em seus próximos trabalhos — e promete não poupar críticas às falhas do sistema.
Enquanto isso, a recomendação que ela deixa é simples, mas dolorosamente necessária: "Andem em grupos quando possível. Fiquem atentas aos arredores. E, por favor, não hesitem em gritar se precisarem". Conselhos que, em um mundo ideal, nenhuma mulher precisaria ouvir.