
A vida às vezes prega peças que nem roteirista de filme seria capaz de inventar. Imagina só: um rapaz de 21 anos chega num hospital particular de Barra Mansa, naquele estado lastimável, crivado de balas. E instead de receber apenas cuidados médicos, acaba algemado à maca. Sim, você leu direito.
O caso – que mistura drama, ironia e uma dose pesada de realidade – aconteceu neste sábado (21), por volta das 14h. Tudo começou no Vila Coringa, um bairro que, infelizmente, já vive no radar da violência. Lá, um tiroteio dos pesados explodiu como rastilho de pólvora.
E no meio desse caos todo, o tal jovem acabou atingido. Não se sabe ao certo se era alvo ou só estava no lugar errado na hora mais errada ainda. A PM, é claro, correu para o local assim que o barulho dos disparos ecoou. Encontraram não só a cena do crime, mas também um adolescente de 17 anos que, segundo eles, estava com uma arma na mão. O menor foi apreendido na hora, uma medida padrão nesses casos.
Da maca à cela: a reviravolta no hospital
Eis que a trama se desloca para o Hospital São Judas Tadeu. O homem, de 21 anos, chegou lá particularmente estripado, buscando socorro. Só que os policiais, seguindo pistas ou talvez um quebra-cabeça que a gente não vê, fizeram a ligação. A vítima? Também era suspeita. Suspeita de estar metida até o pescoço naquele tiroteio que quase lhe custou a vida.
Não deu outra. Imediatamente, ele foi preso em flagrante – sim, dentro do hospital, ainda se recuperando dos ferimentos. A cena deve ter sido surreal: profissionais de saúde tentando salvar uma vida, e agentes da lei fazendo o seu trabalho, num paradoxo digno de nota.
O estado de saúde dele era tão crítico que a direção do hospital decidiu transferi-lo às pressas. Destino? O Hospital de Emergência de Volta Redonda, unidade de referência para casos mais graves. E ele não foi sozinho: escolta policial garantiu que ele não desse nenhum fugitivo – o que, convenhamos, com o estado em que estava, seria milagre.
E agora, José?
O inquérito para apurar os detalhes dessa confusão toda foi instaurado e segue sob a batuta do Delegado Titular da 3ªDP de Barra Mansa. A arma apreendida com o adolescente já foi enviada para perícia. Vão tirar digitais, traçar a origem, o usual.
E o que dizer de uma situação dessas? É aquele velho ditado: “o crime não compensa”, mas às vezes a justiça chega de formas que a gente nem imagina. Um homem baleado, que procura ajuda médica, e acaba detido. A vida real não tem muito de previsível, tem?
Resta torcer para que a verdade apareça – e que, de alguma forma, a violência que assombra bairros como o Vila Coringa um dia diminua. Porque no fim, todo mundo perde.