
Não foi o barulho do trânsito ou os latidos dos cachorros da rua que acordaram parte do Valentina naquela madrugada de sexta-feira. Foram estampidos secos, que ecoaram na escuridão, por volta da 1h20. O tipo de som que ninguém confunde – e que ninguém quer ouvir.
Quando a poeira baixou – literal e figurativamente – a cena era daquelas que ficam na memória. Um homem, ainda não identificado oficialmente, estava morto dentro da própria casa, na Rua Maria das Dores da Silva. A violência chegou de forma abrupta e cruel, transformando um lar em cenário de pesadelo.
A polícia chegou rápido, mas já era tarde demais. Os agentes do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) se depararam com o que todos já sabiam: uma execução. Os tiros não foram dados por acaso; foram precisos, letais. A perícia técnica trabalhou no local até o amanhecer, catando cada fragmento de prova, tentando montar o quebra-cabeça de mais uma vida interrompida pela barbárie.
O Silêncio que Fala
O que mais assusta nessas horas não é o alvoroço, mas o silêncio que se instala depois. Vizinhos, com medo de represálias, relutam em falar. Quem viu, não viu. Quem ouviu, não quer repetir. É o retrato de uma comunidade sitiada pelo temor, onde a lei do silêncio muitas vezes fala mais alto que a própria lei.
Ninguém sabe ao certo o motivo. Briga? Dívida? Acerto de contas do mundo do crime? As especulações voam baixo, em sussurros. A verdade é que, no frio do chão da sala, jazia um homem cuja história terminou de forma abrupta e violenta.
E Agora?
O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para os procedimentos de praxe. A polícia, por sua vez, mergulha nas investigações. Eles buscam imagens de câmeras de segurança da região – porque hoje em dia, até mesmo a violência é filmada. Procuram por testemunhas, por pistas, por qualquer coisa que possa responder a pergunta que não cala: quem fez isso, e por quê?
Enquanto isso, no Valentina, a vida tenta seguir seu curso. Mas há um clima diferente. Uma apreensão no ar. Uma lembrança cruel de que a violência não escolhe endereço, não bate na porta, não avisa. Ela simplesmente entra e, em questão de segundos, vira tudo de cabeça para baixo.