
Os números da violência no Alto Tietê pintam um quadro intrigante neste primeiro semestre de 2025. Enquanto os crimes em geral deram uma trégua — caindo quase pela metade —, os assassinatos resolveram fazer o caminho inverso, disparando como fogos de artifício em noite de São João.
Segundo os dados mais recentes, a região viu uma redução de 45% nos registros criminais entre janeiro e junho. Parece ótimo, não? Mas espere até ouvir o outro lado da moeda: os homicídios cresceram assustadores 80% no mesmo período. Algo está muito errado nessa equação.
O que explica essa contradição?
Especialistas em segurança — aqueles que vivem com a mão na massa — arriscam algumas teorias. Primeiro, o aumento da presença policial em áreas estratégicas pode ter desestimulado crimes menores, como furtos e roubos. Mas quando o assunto é homicídio... bem, aí a história muda de figura.
- Disputas entre facções criminosas parecem ter esquentado
- Reorganização do crime organizado na região
- Falta de políticas sociais efetivas nas áreas mais vulneráveis
E não é só isso. Conversando com moradores antigos da região, você ouve histórias que nunca aparecem nas estatísticas. "Antes era medo de levar um celular, agora é medo de levar um tiro", desabafa uma comerciante de Mogi das Cruzes que prefere não se identificar — e quem pode culpá-la?
O retrato por cidade
Quando destrinchamos os números, a situação fica ainda mais complexa:
- Suzano: redução de 38% nos crimes, mas homicídios triplicaram
- Mogi das Cruzes: queda geral de 52%, porém assassinatos subiram 65%
- Poá: o menor aumento nos homicídios (22%), mas ainda assim preocupante
Os delegados da região — esses heróis anônimos — trabalham com a hipótese de que o aumento nas mortes violentas pode estar ligado a ajustes de contas no submundo do crime. Mas entre nós? Isso é apenas parte da história. A outra parte envolve falhas estruturais que vêm se arrastando há anos.
Enquanto isso, nas ruas, a população vive entre o alívio por poder andar mais tranquila durante o dia e o temor de que, a qualquer momento, a violência extrema possa bater à sua porta. Um paradoxo moderno que desafia as políticas de segurança pública.