
O placar foi unânime — e definitivo. Numa decisão que ecoa pelos corredores do poder em Brasília, os ministros do STF fecharam o veredicto: Carla Zambelli está condenada.
A cena, lembra? São Paulo, véspera das eleições, 2022. Um homem negro, perseguido pela então deputada — que brandia uma arma como se estivesse num faroeste, não numa avenida paulistana. As imagens viralizaram, claro. E o caso, que parecia mais um daqueles episódios turbulentos da política brasileira, seguiu rumo ao Supremo.
E não é que a coisa foi pra frente? Onze votos. Todos no mesmo sentido: a conduta de Zambelli foi criminosa. Não houve divergência, não houve abrandamento — o que houve foi a constatação, fria e técnica, de que perseguir alguém armada não é "excesso de legítima defesa", como alegou a defesa. É crime, ponto.
Os detalhes que pesaram
O ministro Luís Roberto Barroso, relator do processo, não poupou palavras. Disse que a deputada agiu com "manifesto excesso" e que portar arma em via pública — ameaçando um cidadão — fere, e muito, a normalidade democrática. E olha, é difícil discordar.
Do outro lado, a defesa tentou argumentar medo, tentou falar em clima tenso pós-eleição. Mas os ministros lembraram: medo não justifica tudo. Muito menos numa sociedade que, pasme, tem leis.
E agora, o que acontece?
Zambelli pode recorrer — e provavelmente vai. Mas a condenação já está registrada. E não é qualquer uma: crime violento, uso de arma de fogo… isso tudo pesa no currículo de qualquer parlamentar.
Além disso, a decisão abre um precedente perigoso — ou saudável, dependendo de onde você está — para outros casos envolvendo políticos e armas. O STF deixou claro: o cargo não é salvo-conduto.
E aí, será que a poeira vai baixar? Difícil. A bancada governista já sinalizou incômodo. A oposição, por outro lado, celebra — ainda que com certo cuidado, já que o tema é espinhoso.
Uma coisa é certa: o caso Zambelli vai seguir dando pano pra manga. E o recado do Supremo, pelo menos por hoje, ficou claro: arma não é argumento político.