
Eis que o Senado resolveu dar uma de cowboy e passar por cima de tudo — inclusive do próprio presidente da Câmara, Arthur Lira. Na tarde desta quarta, Renan Calheiros, que parece ter acordado com o pé na política pesada, meteu o pé no acelerador e forçou a votação do projeto que isenta do Imposto de Renda quem ganha até cinco mil reais.
Parece bom, né? Só que não foi combinado. Lira tava lá, quieto no seu canto, achando que as coisas iriam se resolver no diálogo. Mas Renan? Ah, Renan mandou o protocolo para o espaço.
E o estrago estava feito. A votação relâmpago no Senado pegou todo mundo de calça curta — principalmente a equipe econômica, que agora precisa correr atrás do prejuízo. Porque sim, o projeto tem impacto fiscal. E não, ninguém avisou o Planalto antes.
Mas qual é a treta, afinal?
O texto aprovado pelos senadores sobe o limite de isenção de R$ 2.112 para R$ 5 mil. Uma mudança e tanto. Só que, como tudo na vida, não é tão simples. Sem fontes de receita para cobrir o rombo, a proposta pode virar um problemão nas contas públicas.
E olha só: Lira já tinha deixado claro que não iria pautar nada sem conversa. Mas Renan, com sua lábia característica — e um tanto de pressa —, resolveu tocar o barco sozinho. Resultado? Ficou aquele climão.
Não é de hoje que os dois travam uma queda de braço disfarçada de debate legislativo. Dessa vez, porém, o baile foi mais explícito. E todo mundo viu.
E o governo, como fica?
Boa pergunta. Por trás dos holofotes, a equipe de Haddad não esconde o desconforto. A ideia era incluir a isenção numa proposta mais ampla de reforma, não jogar assim, de paraquedas. Agora, é remendar.
E não para por aí: há rumores de que Lira pode simplesmente… ignorar o projeto. Deixar morrer na gaveta. Seria uma resposta dura, mas dentro do jogo. Afinal, na política, como no futebol, quem não avisa não se aventura.
Enquanto isso, o trabalhador continua esperando. E torcendo para que essa briga de gigantes não vire mais um capítulo de "quem pode mais, chora menos".