Fusca de Michelle Bolsonaro é revistado pela PF em operação: 'Invasão de privacidade'
PF revista Fusca de Michelle Bolsonaro em operação

Numa cena que mistura o absurdo com o quase cômico — se não fosse tão sério —, Michelle Bolsonaro resolveu desabafar publicamente sobre uma experiência no mínimo inusitada. Imagina só: seu modesto Fusca, aquele carro icônico que já virou quase um símbolo de simplicidade (pelo menos nas aparências), meticulosamente revistado por agentes federais.

E não foi uma busca qualquer. A Polícia Federal, em meio a uma operação de alto nível supostamente focada no ex-presidente Jair Bolsonaro, decidiu que o automóvel da ex-primeira-dama merecia atenção especial. Detalhe: o casal nem se encontrava no local na hora da batida.

"Sensação de invasão? Total", deve ter pensado Michelle. A revista, segundo relatos, foi minuciosa. Abriram portas, vasculharam compartimentos, olharam onde era possível — e talvez onde não era tão necessário assim. Tudo isso, é claro, sem encontrar absolutamente nada que ligasse o veículo às investigações em curso.

O contexto que ninguém ignora

O episódio não ocorreu no vácuo. A operação que motivou a revista faz parte das investigações sobre suposto plano para golpear as instituições democráticas após as eleições de 2022. Um tema pesado, que justifica medidas enérgicas, mas que também levanta questões delicadas sobre proporcionalidade e foco.

Até que ponto ir para garantir que todas as pontas estão sendo puxadas? E quando é que o rigor investigativo começa a beirar o constrangimento excessivo? São perguntas que ficam no ar, ecoando em corredores políticos e nas redes sociais.

Não é a primeira, nem será a última

Michelle, vale lembrar, já não é novata no que diz respeito a escrutínio público e policial. Desde que o marido deixou o Planalto, a família Bolsonaro vive sob os holofotes das investigações — e das operações da PF.

Mas revistar um Fusca? Isso pegou até os mais céticos de surpresa. O carro, que frequentemente aparece nas redes sociais da ex-primeira-dama, parece ter virado personagem involuntário de um drama político que não dá sinais de acabar.

O recado dado pela revista — simbólico ou não — foi claro: na atual conjuntura, nada associado ao núcleo bolsonarista está imune à ação federal. Nem mesmo os veículos mais simples e aparentemente inócuos.

Resta saber se a medida, além do impacto midiático imediato, trará algum fruto concreto às investigações. Por enquanto, o que ficou foi o registro de mais um capítulo peculiar na já conturbada relação entre a família Bolsonaro e as autoridades judiciais e policiais do país.