
Numa ação que parece saída de um roteiro de filme policial, a Polícia Federal (PF) colocou a mão na massa — e no dinheiro — ao desarticular um esquema de compra de votos em Iracema, município do interior de Roraima. Quase R$ 400 mil em espécie foram apreendidos, dinheiro que, segundo investigações, seria distribuído a eleitores como moeda de troca por apoio político.
Parece mentira, mas é pura realidade: enquanto o país discute inflação e crise econômica, alguns ainda acham que votos têm preço. A operação, batizada ironicamente de "Balcão de Negócios", revela um modus operandi que mistura descaramento com falta de criatividade — dinheiro vivo, envelopes, promessas rasas. Nada que já não tenhamos visto antes, mas que insiste em se repetir.
Como o esquema funcionava?
Pelos fios da investigação (e alguns dedos-duros), a PF descobriu que:
- Valores entre R$ 50 e R$ 200 eram oferecidos por voto
- Os "recrutadores" agiam porta a porta, como vendedores de ilusões
- Parte do dinheiro estava separada em envelopes nominativos — falta de profissionalismo ou excesso de confiança?
Não é de hoje que Iracema vive sob suspeita de práticas eleitoreiras duvidosas. Dizem por aí que o município tem fama de "terra da malandragem política", mas dessa vez a jogada não saiu como planejado. Quem diria que em pleno 2025 ainda haveria quem caísse nesse conto do vigário?
O que dizem as autoridades?
O delegado responsável pela operação, em tom que misturava cansaço com indignação, afirmou: "É sempre a mesma história — acham que podem comprar a democracia como se compra pão na padaria". Já o Ministério Público Eleitoral prometeu enquadrar os envolvidos nos artigos da Lei Eleitoral, que prevê penas de até quatro anos de prisão.
Enquanto isso, nas ruas de Iracema, o clima é de constrangimento misturado com revolta. "A gente sabe que isso existe, mas ver o valor todo exposto assim dói", confessou uma moradora que preferiu não se identificar — medo ou vergonha? Difícil dizer.
Resta saber se essa operação será suficiente para cortar o mal pela raiz ou se estamos diante de mais um capítulo daquela velha novela brasileira: a política que insiste em não aprender com seus próprios erros.