Marcos do Val exibe tornozeleira eletrônica no Senado: cena inusitada gera polêmica
Marcos do Val exibe tornozeleira no Senado e gera polêmica

Era pra ser mais um dia comum no plenário do Senado. Os discursos rolavam, as votações seguiam seu curso — até que um detalhe inesperado roubou a cena. Marcos do Val (Podemos-ES), ali entre os colegas de casaca, exibia sem cerimônia uma tornozeleira eletrônica. Aquele acessório prateado, mais comum em reportagens policiais do que em sessões legislativas, virou o centro das atenções.

Não dá pra ignorar o simbolismo. Enquanto debatiam projetos de lei, um dos legisladores carregava fisicamente o peso da Justiça — literalmente. A cena dava um nó na cabeça: como alguém sob medida cautelar pode votar leis que afetam 215 milhões de brasileiros?

O contexto que explica (mas não justifica)

Do Val não é qualquer senador. O nome dele tá colado no maior escândalo político dos últimos meses — aquele que envolveu até suposta tentativa de golpe. A tornozeleira? Consequência direta. O STF determinou a monitoração depois que ele virou réu por suposto vazamento de informações sigilosas.

  • Ironia histórica: O mesmo Congresso que aprovou o uso de tornozeleiras agora vê um dos seus usar o dispositivo
  • Dilema ético: Até onde vai o princípio da presunção de inocência quando se trata de legisladores?
  • Efeito colateral: As câmeras, que normalmente focam nos discursos, hoje se voltaram para o tornozelo

E os colegas? Uns evitavam olhar. Outros disfarçavam. Ninguém queria ser associado àquela imagem — mas também ninguém teve a coragem de questionar. Afinal, na política brasileira, amanhã pode ser você.

Nas redes, o circo pegou fogo

Enquanto isso, no X (antigo Twitter), os memes já estavam prontos antes mesmo do fim da sessão. De comparações com filmes de prisão até montagens com tornozeleiras douradas — a criatividade popular não perdoa. Alguns posts:

"Novo dress code do Senado: terno social + acessório prisional"

"Se virar moda, vai faltar tornozeleira pra tanta gente..." — comentário que diz muito sobre nossa descrença na classe política.

Já os juristas se dividem. Uns defendem que o cargo exige padrões mais altos. Outros lembram que, até a condenação final, todos são inocentes. Mas convenhamos — na corte da opinião pública, o veredito muitas vezes sai antes do julgamento.

Uma coisa é certa: essa imagem vai marcar. Não como símbolo de justiça funcionando, mas como retrato da crise de representatividade que assola o país. Quando os eleitores olham para Brasília, será que ainda veem seus representantes — ou apenas réus em potencial?