
Era pra ser a solução para os buracos das ruas de Ourinhos, mas virou um poço de problemas. A Justiça deu ontem o aval para que o ex-prefeito da cidade e mais quatro empresários sejam julgados por uma compra no mínimo suspeita: uma usina de asfalto que, pasmem, nunca chegou a funcionar.
Detalhe que faz qualquer contribuinte torcer o nariz: o negócio consumiu nada menos que R$ 2,3 milhões dos cofres públicos. Dinheiro que, pelos cálculos do Ministério Público, evaporou sem deixar vestígios — ou melhor, deixou apenas um elefante branco enferrujando em algum galpão.
O que diz a acusação
Segundo os promotores, a jogada foi clássica. A prefeitura teria comprado a usina sem sequer verificar se o equipamento estava em condições de uso. "Compraram gato por lebre", resumiu um dos investigadores, em tom que misturava indignação com cansaço de ver sempre o mesmo filme.
- Pagamento adiantado sem garantias
- Vistorias "meia-boca" no equipamento
- Empresa fornecedora com histórico duvidoso
Não bastasse o prejuízo, a tal usina — que prometia revolucionar a pavimentação local — sequer foi instalada direito. Ficou meses encaixotada, até que alguém percebeu o óbvio: era mais um "tijolão" inútil.
Defesa alega "perseguição política"
Do outro lado, os advogados dos acusados soltaram aquele discurso que já virou lugar-comum nesses casos. "Tentativa de criminalizar a gestão pública", "invenção da oposição", o pacote completo. Até jogaram a culpa em "problemas técnicos imprevisíveis" — como se ninguém soubesse que máquina parada não produz asfalto.
Enquanto isso, nas ruas da cidade, o povão não perdoa. "Dinheiro que podia ter tapado metade dos buracos daqui", resmungou um motorista de aplicativo, esquivando de mais uma cratera na avenida principal.
O caso agora segue para a fase de instrução. Resta saber se, dessa vez, a Justiça conseguirá fazer o asfalto da responsabilidade chegar onde o asfalto de verdade não chegou.