
Eis que a poeira da CPI da Covid, daquela vez que o Senado virou um palco de revelações bombásticas, volta a assombrar o planalto central. Sabe aquela história que a gente pensou que ia morrer engavetada? Pois é, parece que não vai ser bem assim.
O ministro da Justiça, Flávio Dino — aquele mesmo que não tem papas na língua — acabou de acionar o botão vermelho. Determinou a abertura de um inquérito policial, lá na Polícia Federal, para investigar criminalmente ninguém menos que Jair Bolsonaro, seus filhos Carlos e Eduardo, e mais uma penca de vinte outras pessoas.
O que a CPI descobriu virou base para ação
O relatório final daquela CPI histórica, que escancarou os bastidores de uma gestão da pandemia que muitos prefeririam esquecer, não ficou só no papel. Virou documento oficial na mesa do ministro, e agora, combustível para uma investigação de verdade. As suspeitas? Ah, são várias e das graves: desde charlatanismo e incitação ao crime até acusações bem mais pesadas, relacionadas à forma como o governo lidou — ou deixou de lidar — com a maior crise sanitária do século.
Não foi uma decisão tomada no chuveiro, não. A solicitação partiu da própria PGR, a Procuradoria-Geral da República, que analisou o calhamaço de provas e indícios coletados pelos senadores e viu que havia ali matéria suficiente para que a Polícia Federal entrasse em campo e aprofundasse o trabalho.
Os alvos da vez
A lista de investigados, bom, é uma lista que parece saída de uma reunião de família bolsonarista. Além do ex-presidente e dos filhos Carlos e Eduardo Bolsonaro, a PF vai ter que correr atrás de ex-ministros, como Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores), e até de figuras que se tornaram famosas à época, como o ex-deputado Luis Miranda e seu irmão, o servidor Luis Ricardo Fernandes Miranda.
O cerne da questão, e isso é de deixar qualquer um com a pulga atrás da orelha, gira em torno de decisões — ou da falta delas — que podem ter custado vidas. A tal da suposta omissão na compra de vacinas, as suspeitas de tráfego de influência em negociações milionárias, e a promoção de tratamentos sem eficácia comprovada, como a cloroquina, em pleno desespero da pandemia.
Dino, sempre direto, deixou claro: a função do seu ministério é seguir a lei e as evidencias. E as evidências, neste caso, apontaram a necessidade de uma investigação criminal formal. O inquérito vai apurar, ponto a ponto, a materialidade dos fatos e a autoria dos possíveis crimes. Agora, a bola está com a PF.
O que vai sair disso? Bom, ninguém tem uma bola de cristal. Pode ser o início de um longo processo judicial que vai ecoar pelos próximos anos, ou pode esbarrar em questões técnicas e definhar. Uma coisa é certa: o caso está longe de acabar. E o Brasil todo vai ficar de olho.