
Era pra ser mais uma reunião de trabalho rotineira no Palácio do Planalto, mas alguém decidiu dar uma injeção de surrealismo no encontro entre Lula e seus ministros. Lá estava ele: um boneco do Capitão Planeta — sim, aquele mesmo dos desenhos animados — encarando todos do alto de uma estante.
O tal boneco, que rapidamente foi apelidado de "Patriota" pelos apoiadores de Bolsonaro, apareceu como que por arte mágia no Salão Oval. E não veio sozinho — trouxe consigo aquele constrangimento palpável que só situações politicamente bizarras são capazes de produzir.
O elefante na sala — ou melhor, o boneco na estante
Imagina a cena: ministros discutindo políticas públicas sérias enquanto um símbolo do governo anterior observa tudo, impassível, com seus trajes de super-herói. Dá pra levar a sério? Difícil. Vários participantes confessaram off que a situação era no mínimo estraga-prazeres.
O pano de fundo é tão óbvio quanto constrangedor. O boneco foi colocado ali por bolsonaristas durante os protestos de 2023, quando invadiram e vandalizaram o Planalto. E agora, meses depois, continua lá — um lembrete incômodo de divisões que teimam em não cicatrizar.
O silêncio que fala mais que mil palavras
O mais curioso? Ninguém do governo fala publicamente sobre o assunto. É aquela coisa — todo mundo vê, todo mundo sabe, mas ninguém comenta. Como se falar sobre o boneco fosse dar importância demais a algo que, em tese, não deveria importar.
Mas importa, sim. E como! A persistência do objeto virou uma espécie de termômetro político não oficial. Enquanto uns veem apenas um brinquedo esquecido, outros enxergam um símbolo de resistência — dependendo claro de qual lado da trincheira ideológica você está.
O Planalto, por sua vez, mantém aquele silêncio estratégico de quem prefere não alimentar polêmicas. Mas entre quatro paredes, garanto que o assunto rende — e muito.
No fim das contas, o tal boneco do Patriota acabou se tornando muito mais que um mero objeto de decoração duvidosa. Transformou-se numa metáfora viva das divisões que ainda percorrem o coração do poder brasileiro.
E assim segue — observando, provocando, constrangendo. Uma pequena lembrança de que algumas batalhas políticas são travadas não só com palavras, mas também com símbolos. Por mais absurdos que eles possam parecer.