
Não era um sábado qualquer no calçadão da Batista de Carvalho. O burburinho do comércio deu lugar a palavras de ordem, cartazes improvisados e uma energia que misturava revolta com uma pitada de esperança. Dezenas de pessoas — e não apenas “ativistas”, como gente comum, mesmo — decidiram trocar o descanso pelo protesto.
O motivo? Duas propostas que andam tirando o sono de quem ainda acredita na tal “ética na política”. A PEC da Blindagem e o PL da Anistia. Nomes que soam técnicos, mas que, no frigir dos ovos, podem mudar — e muito — a relação entre poder e justiça no Brasil.
Mas o que raios são essas propostas?
Bom, a PEC 5/2025, chamada de “PEC da Blindagem”, quer basicamente dificultar — e muito — a responsabilização de agentes políticos. Imagine criar uma barreira quase intransponível entre uma investigação e um político… pois é.
Já o PL 2.925/2024, a “Anistia Bilionária”, como tem sido chamado, prega o perdão de dívidas de estados e municípios com a União. Soa bonito? Talvez. Mas críticos alertam: é um cheque em branco para gestões que, convenhamos, nem sempre fizeram a lição de casa.
O clima na manifestação
“É um absurdo! Querem se blindar enquanto a população paga a conta!” — gritava uma senhora, segurando um cartaz com firmeza. Ao redor, aplausos. Não era um discurso ensaiado; era pura indignação.
Outros levavam bandeiras e faixas com dizeres como “Fora Corrupção” e “Não à Impunidade”. Teve até um cara fantasiado de juiz, segurando uma espada de brinquedo — uma sátira à justiça que, pra muitos, parece cada vez mais de mentira.
O ato foi organizado por um conjunto de entidades — sindicatos, movimentos populares, estudantes — e seguiu em caminhada pelo centro. Sem confusão, mas com voz alta.
Por que Bauru?
Pode parecer coisa de grande centro, mas a verdade é que a insatisfação é generalizada. Bauru, como muitas cidades do interior, sente na pele os efeitos de decisões tomadas em Brasília. E a galera não tá mais disposta a engolir quieta.
“A gente vê a saúde precisando de verba, a educação precisando de investimento, e eles lá preocupados em se proteger”, desabafou um professor que preferiu não se identificar. Medo? Talvez. Realismo? Com certeza.
O protesto em Bauru não foi isolado. Ele ecoa um sentimento que tem tomado conta do país — uma rejeição forte a qualquer manobra que cheire a privilégio ou impunidade.
E agora? O que esperar? Difícil dizer. Mas uma coisa é certa: enquanto houver gente disposta a ocupar as ruas em pleno sábado, a esperança — por mais clichê que soe — ainda está viva. Mesmo que seja com faixas, cartazes e uma ou outra palavra mais… digamos, energética.